Moçambique defendeu, esta Segunda-feira, 20, o reforço da cooperação técnica entre as instituições energéticas e o avanço da investigação científica no seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como pilares para enfrentar os desafios da transição energética e das alterações climáticas nos Estados-membros.
A directora Nacional de Energia, Marcelina Matavele, destacou que a CPLP “tem o potencial de se afirmar como uma plataforma de partilha de conhecimento, mobilização de recursos e desenvolvimento de soluções conjuntas”.
“Precisamos reforçar a cooperação técnica entre as nossas instituições energéticas, promover a investigação e a formação de quadros, e criar condições para o investimento cruzado entre os países da comunidade”, sublinhou a dirigente, na abertura da Semana de Energia e Clima da CPLP, que decorre até Sexta-feira, 24, em Maputo.
A responsável defendeu ainda que a interconexão energética, a digitalização dos sistemas e o incentivo às energias renováveis descentralizadas devem ser prioridades comuns, por constituírem “o caminho para uma transição energética sustentável e que inclua a protecção do meio ambiente”.
“Acreditamos firmemente que, através da solidariedade e da cooperação lusófona, poderemos enfrentar os desafios da transição energética e das alterações climáticas com mais força e determinação”, afirmou Matavele.
Moçambique, um dos países africanos com maior potencial em recursos energéticos – do gás natural às energias solar e hídrica –, tem vindo a reformar o quadro legal e regulatório para atrair investimentos e garantir o acesso universal à energia até 2030, em alinhamento com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
O país aposta também em soluções fora da rede (off-grid) como parte essencial da estratégia nacional de electrificação.
“É uma solução muito importante e, nos últimos anos, tem crescido cada vez mais a participação dessas iniciativas, essencialmente baseadas em energias renováveis”, afirmou Marcelina Matavele, acrescentando que estas já representam 10% da taxa nacional de acesso à energia, actualmente fixada em 62%.
A Semana de Energia e Clima da CPLP reúne, segundo a organização, 29 oradores e 120 participantes de nove países lusófonos, incluindo representantes governamentais, reguladores, financiadores e especialistas do sector energético e climático.
O encontro procura consolidar a diplomacia energética lusófona, promovendo a convergência de políticas públicas e investimentos sustentáveis num contexto global de transição verde.
*Com Lusa