As trocas comerciais entre Moçambique e Itália ultrapassaram os 424 milhões de euros nos primeiros oito meses do ano, registando um crescimento superior a 20%, enquanto os investimentos directos italianos superaram os 200 milhões de euros, revelou o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional da Itália, Giorgio Silli.
A informação foi avançada durante uma mesa-redonda de alto nível, que reuniu dezenas de empresas italianas e moçambicanas, representantes governamentais e instituições de cooperação, e que veio conferir nova profundidade estratégica à parceria económica bilateral.
No seu discurso, Giorgio Silli sublinhou que a expressiva presença empresarial italiana reflecte a prioridade estratégica que Moçambique ocupa na política externa italiana, num contexto de reforço das relações económicas com África. O governante recordou ainda que o novo Acordo-Quadro de Cooperação entre os dois países se encontra em fase final de aprovação, criando condições para programas conjuntos nos sectores energético, industrial, agrícola e educacional.
“Esta mesa-redonda não é apenas um compromisso institucional; é uma oportunidade para ideias e projectos capazes de construir, em conjunto, novas trajectórias de desenvolvimento”, afirmou Silli, citado numa nota da Presidência da República de Moçambique.
O encontro decorreu no ano em que Moçambique e Itália assinalam 50 anos de relações diplomáticas, tendo sido facilitado pelo Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, num momento de renovação do diálogo económico bilateral. Para além do simbolismo histórico, a iniciativa projectou uma ambição partilhada: transformar oportunidades em indústria, conhecimento e emprego, assente numa relação de confiança mútua.

Na sua intervenção, o Chefe do Estado moçambicano destacou que o país está a consolidar um novo ciclo de Independência Económica, estruturado em três pilares fundamentais: industrialização e desenvolvimento de cadeias de valor; investimento em infra-estruturas económicas e sociais; e capacitação do capital humano.
Daniel Chapo salientou igualmente um conjunto de reformas orientadas para a competitividade e previsibilidade do ambiente de negócios, incluindo a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), incentivos fiscais à agricultura, a isenção de vistos para cidadãos de 29 países e a simplificação de procedimentos administrativos.
“Moçambique está aberto ao investimento, está a modernizar-se e está comprometido com o crescimento inclusivo. Não queremos investidores temporários; queremos parceiros permanentes”, afirmou, dirigindo-se directamente às empresas italianas, que encorajou a investir, expandir operações e construir com o país um futuro de prosperidade partilhada.
Por sua vez, a representante da Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria), Bárbara Cimmino, sublinhou que os sectores estratégicos identificados pelo Presidente Chapo coincidem com áreas de reconhecida excelência da indústria italiana. A empresária destacou a relevância da transição energética, associada a uma transformação mais ampla que inclui as dimensões digital, tecnológica e ecológica.
“Costumo falar de uma tripla transição: energética, ecológica e digital. Um país que pretende desenvolver a sua capacidade manufacteira deve integrar plenamente a componente digital”, afirmou.
Cimmino destacou ainda o potencial de cooperação nos sectores da agro-indústria, infra-estruturas, logística, turismo e têxtil, reiterando a disponibilidade da Confindustria para mobilizar assistência técnica, reduzir barreiras operacionais e apoiar a entrada de pequenas e médias empresas italianas em Moçambique.
Entre os compromissos anunciados figuram 100 milhões de euros do Fundo Italiano para o Clima, em co-financiamento com o Banco Mundial; a integração de Moçambique na iniciativa Energy for Growth in Africa, lançada pelo G7; parcerias estratégicas em infra-estruturas, incluindo a urbanização de Maputo e grandes ligações regionais; o reforço da cooperação em segurança marítima, defesa e vigilância, com apoio da Marinha Militar Italiana e dos grupos Leonardo e Fincantieri; bem como a expansão da cooperação agrícola e digital, com enfoque na agricultura de precisão, geoinformação e sistemas inteligentes de monitorização.





