Moçambique produz 4,2 milhões de toneladas de resíduos anualmente, mas apenas 1% são reciclados, por redes informais, cenário que o Governo quer inverter com um projecto de 24 milhões de euros, investindo em três infra-estruturas de reciclagem.
“No nosso país, a rápida urbanização, combinada com o aumento da atividade económica, levou a um crescimento substancial dos volumes de resíduos”, reconheceu o secretário de Estado da Terra do Ambiente de Moçambique, Gustavo Dgedge, ao apresentar, em Maputo, a segunda fase do programa ValoRe, que vai decorrer até 2029.
“Hoje, estimamos que em Moçambique se gera pelo menos 4,2 milhões de toneladas de resíduos por ano, sendo que mais de 98 a 99% desses resíduos estão depositados em lixeiras não controladas, enquanto os restantes 1 a 2% são reutilizados, reciclados, através das redes informais”, disse.
Estes resíduos atingem um recorde na cidade de Maputo, com cerca de meio quilograma produzido diariamente por cada habitante da capital, que na sua generalidade são queimados em lixeiras, explicou a diretora nacional do Ambiente, Guilhermina Amurane, na mesma cerimónia.
“Com este programa, queremos que só vá para o aterro aquilo que não tem valor (…)”, explicou Amurane, garantindo que vai igualmente “dar emprego a quem vive do lixo” actualmente.
O programa de gestão sustentável de Resíduos ValoRe foi lançado pelo Governo moçambicano em 2019 para aumentar a quantidade de resíduos urbanos reutilizados, reciclados ou tratados no país.
A nova fase, que inclui um financiamento de 18,4 milhões de euros do fundo climático Mitigation Action Facility – financiado pelo Reino Unido, Alemanha e União Europeia, diz a Lusa, vai permitir criar um “ambiente regulatório e financeiro” para investimentos em infra-estruturas sustentáveis de tratamento e reciclagem de resíduos, bem como de cadeias de valor para promover a recuperação e reaproveitamento, recorrendo anda a parcerias público-privadas.