Morreu Jimmy Cliff – o ícone jamaicano que levou o reggae ao mundo

Morreu nesta Segunda-feira, 24 de Novembro, o cantor e compositor jamaicano Jimmy Cliff, uma das figuras maiores da história do reggae, aos 81 anos. A informação foi confirmada num comunicado publicado no perfil oficial do artista no Instagram, assinado pela esposa, Latifa. De acordo com a nota, o músico faleceu após sofrer uma convulsão provocada…
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Vencedor de dois Grammys e protagonista de clássicos do reggae, o artista deixa uma obra que permanece fundamental para a cultura jamaicana e mundial. O músico jamaicano morreu hoje aos 81 anos, deixando um legado que transformou o reggae numa linguagem global.
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Morreu nesta Segunda-feira, 24 de Novembro, o cantor e compositor jamaicano Jimmy Cliff, uma das figuras maiores da história do reggae, aos 81 anos. A informação foi confirmada num comunicado publicado no perfil oficial do artista no Instagram, assinado pela esposa, Latifa. De acordo com a nota, o músico faleceu após sofrer uma convulsão provocada por um quadro de pneumonia.

No texto, Latifa deixou uma mensagem de agradecimento aos fãs: “Saibam que o vosso apoio foi a sua força durante toda a carreira. Jimmy apreciava profundamente cada demonstração de amor.”

Autor de clássicos intemporais como “The Harder They Come”, “You Can Get It If You Really Want” e “Many Rivers to Cross”, Jimmy Cliff foi um dos pilares do reggae e do ska jamaicano, ajudando a projectar globalmente a música do seu país. Nascido em Saint James, começou a cantar ainda criança e, aos 14 anos, mudou-se para Kingston para seguir a carreira artística.

Ganhou notoriedade local com temas como “Hurricane Hattie”, “King of Kings” e “Miss Jamaica”. Em 1964, assinou com a Island Records, editora que também viria a impulsionar a carreira de Bob Marley. O seu primeiro álbum, Hard Road to Travel, foi lançado em 1967 e marcou o início de uma discografia que ultrapassaria as três dezenas de projectos.

A sua morte ocorre poucos anos depois do lançamento de Human Touch, single que recupera a estética do reggae dos anos 1960 e aborda a solidão acentuada pela pandemia.

De Kingston ao Brasil, da música ao cinema, Jimmy Cliff construiu uma carreira que atravessou gerações e fronteiras. (Foto: DR)

Uma relação profunda um lusófono, o Brasil

Jimmy Cliff manteve uma ligação duradoura com o Brasil, iniciada em 1968, quando participou no Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. No país compôs, em 1969, Wonderful World, Beautiful People, considerada uma das primeiras faixas de reggae a atingir êxito fora da Jamaica. No mesmo ano, gravou o LP Jimmy Cliff in Brazil.

Durante os anos 1980, tornou-se presença frequente em solo brasileiro. Em 1980, realizou uma turné com Gilberto Gil, lotando salas por todo o país. Num desses concertos, recebeu a notícia da morte do pai instantes antes de subir ao palco, mas decidiu cantar, descrevendo a experiência como “uma energia muito forte”.

Em 1984, gravou nas praias do Rio o videoclipe de We All Are One, dirigido por Tizuka Yamasaki. A sua música Hot Shot integrou a banda sonora da novela “Ti Ti Ti” (1985–1986), reforçando a sua popularidade entre o público brasileiro.

Nos anos 1990, Jimmy Cliff colaborou com os Titãs no álbum Acústico MTV, reinterpretando The Harder They Come, que ficou conhecida no Brasil como “Querem Meu Sangue”. A ligação ao país também é afectiva: a sua filha Nabiyah Be, fruto da relação com a psicóloga baiana Sónia Gomes da Silva, nasceu em Salvador em 1992 e viria a destacar-se como actriz em Hollywood, incluindo no filme Pantera Negra.

Reconhecimento global

Jimmy Cliff lançou mais de 30 álbuns e conquistou dois Grammy Awards de Melhor Álbum de Reggae — em 1985, com Cliff Hanger, e em 2012, com Rebirth, este último incluído na lista dos “50 Melhores Álbuns de 2012” da Rolling Stone.

No cinema, protagonizou The Harder They Come (1972), filme responsável por levar o reggae ao grande público internacional, além de participar em Club Paradise (1986).

A sua obra, influência e legado permanecem como pilares da cultura jamaicana e da história do reggae mundial.

*Com O Globo

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