Aterrou em Luanda uma comitiva que faz tremer os tabuleiros da geopolítica e da economia africana. O Presidente dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, desembarcou em Angola com um exército de ministros e estrategas. Não é turismo. É negócio e dos grandes.
Com ele, vieram os homens que mandam no petróleo, no dinheiro, no turismo, na tecnologia e até no clima: ministros da Economia, Energia, Investimento, Cultura, Clima e Inovação. A pergunta que fica: esta é a visita que pode mudar Angola para sempre? Ou apenas mais uma fotografia bonita?
Os números não mentem. O comércio não petrolífero entre Angola e os Emirados já vale 2,2 mil milhões de dólares, crescendo 36% desde 2019. Agora, com esta visita, o céu é o limite.
Os Emirados não brincam em serviço: a gigante Masdar promete instalar 2 GW de energia solar, o Abu Dhabi Ports Group vai investir 251 milhões no Porto de Luanda e pode subir para 379 milhões. No agronegócio, a Al Dahra planeia injetar 100 milhões de dólares e cultivar 10 mil hectares em Angola. Não é conversa fiada. é dinheiro real.
Mas nem tudo se trata só de petróleo. Estamos a falar de infraestrutura, agricultura, logística, energia limpa, tecnologia e até defesa. A parceria inclui desde a modernização dos portos até fragatas para a marinha angolana. Há planos para centros de dados, iluminação inteligente em cidades como Luanda, Malanje e Uíge e até escolas digitais.
Porquê Angola e porquê agora?
Os Emirados sabem o que estão a fazer. Angola é o diamante em bruto da África Austral. petróleo, gás, terras agrícolas, posição estratégica no Atlântico. Para os sheikhs, é mais do que investimento: é poder, é influência, é geoestratégia. E esta visita é o prenúncio de um novo mapa económico, onde Luanda passa a ser escala obrigatória para quem quer dominar as rotas entre o Golfo e a África.
Se estes acordos saírem do papel, e alguns já saíram, Angola pode dar um salto histórico: mais empregos, mais tecnologia, mais energia limpa. Uma aliança definitivamente para lá da diplomacia.