Mulheres empresárias destacaram a inclusão e a educação como fundamentais para o empoderamento das mulheres em África e na Europa, o apelo foi feito durante o EurAfrican Forum 2024 em Lisboa, com o tema “África: O próximo capítulo – parcerias para o crescimento”.
Num painel moderado pela directora da Forbes África Lusófona e Forbes Portugal, Nilza Rodrigues, as gestoras debateram o tema “Women Entrepreneurs and Female Representation”.
Isabel Fernandes, diretora jurídica do grupo Visabeira S.A. e presidente do Comité de Diversidade e Inclusão da FALP, enfatizou a importância de políticas personalizadas para diferentes regiões, dado que o nível de maturidade das políticas de diversidade e inclusão varia globalmente. “Precisamos de abordagens concertadas que envolvam governos, organizações e indivíduos, visando lacunas específicas com medidas estratégicas e direcionadas”, afirmou Isabel Fernandes. A sua experiência, liderando uma empresa com presença em 18 países e exportando serviços para outros 34, sobretudo em África, reforça a necessidade de uma visão global e adaptável.
Madalena Albuquerque, directora de recursos humanos da Altice Portugal, destacou o desafio do equilíbrio de género nas áreas de engenharia. “Embora tenhamos atingido uma representação de 32%, ainda há muito a percorrer. Estamos a trabalhar ativamente para garantir que, ao contratar, analisamos o equilíbrio de género e oferecemos programas de desenvolvimento para mulheres já na empresa”, explicou. Madalena Albuquerque acredita que a visibilidade de mulheres em posições de liderança é crucial para inspirar e motivar outras a seguir o mesmo caminho.
Nelma Fernandes, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, discutiu a construção social da desigualdade de género e a necessidade urgente de políticas públicas inclusivas. “Estamos a falar de uma estrutura social que subjugou a mulher a papéis tradicionais de mãe e dona de casa. É essencial que ultrapassemos estas barreiras culturais e históricas para alcançar uma verdadeira igualdade de género”, disse Nelma Fernandes, sublinhando que a revolução tecnológica dos últimos anos mostra que mudanças rápidas são possíveis.
Suzi Barbosa, conselheira especial do Presidente da Guiné-Bissau para os Assuntos da Política Externa, sublinhou a importância do equilíbrio entre homens e mulheres no mercado de trabalho. “Um estudo recente mostrou que reduzir a diferença de participação entre homens e mulheres no mercado de trabalho global poderia aumentar o PIB mundial em 5,8 triliões de dólares até 2025. Este desequilíbrio é um desperdício de potencial humano e económico”, afirmou Suzi Barbosa.
Vivian Onano, ativista e empresária social do Quénia, trouxe uma perspectiva africana para a mesa, destacando a importância de parcerias adaptadas às realidades do continente. “África tem recursos vastos e uma população jovem em crescimento. A Europa, com uma população em declínio, deve ver em África um parceiro crucial para o futuro. Precisamos de parcerias que respeitem e respondam às nossas necessidades específicas”, argumentou Vivian Onano.
O EurAfrican Forum 2024 continua a ser uma plataforma vital para a discussão de temas como investimento, educação, digitalização e saúde. A presença de figuras como Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, e Prithvirajsing Roopun, Presidente da República das Ilhas Maurícias, sublinhou a importância deste evento na construção de pontes entre os dois continentes.
Com um foco em criar soluções inovadoras e sustentáveis, o fórum deste ano destaca-se pela sua abordagem prática e orientada para a ação, apontando caminhos claros para um futuro de colaboração e crescimento conjunto entre Europa e África.