Moçambique prepara-se para dar um passo estrutural na cadeia de valor do gás natural com a inauguração, a 3 de Dezembro, da sua primeira fábrica de produção de gás doméstico, localizada em Inhassoro, província de Inhambane.
O acto, que contará com a presença dos Presidentes Daniel Chapo e Cyril Ramaphosa, reforça a dimensão estratégica do investimento e sublinha o peso da integração energética entre Moçambique e a África do Sul.
Segundo fonte do executivo moçambicano, a presença de Ramaphosa responde ao convite directo do seu homólogo e reflecte o envolvimento da petrolífera sul-africana Sasol, responsável pela implementação do projecto no âmbito do Acordo de Partilha de Produção (PSA).
A iniciativa, avança a Lusa, representa um investimento de mil milhões de dólares e deverá permitir uma redução de até 75% das importações de gás doméstico, um alívio relevante para a balança comercial num contexto de pressão sobre as contas externas.
O projecto integra a nova Fábrica de Processamento Integrado, concebida para valorizar o gás produzido pela Sasol em Temane (Inhassoro) e Pande (Govuro), consolidando Inhambane como um corredor energético estratégico.
Em Novembro, a empresa realizou o carregamento experimental do primeiro lote de GPL, um marco decisivo no processo de comissionamento e que confirma a maturidade operacional da infra-estrutura antes da sua entrada oficial em funcionamento. A nova unidade deverá aumentar a disponibilidade interna de combustíveis, reduzir custos logísticos e estimular a criação de novas cadeias de fornecimento e serviços associados ao downstream.
Para Moçambique, a capacidade de transformar localmente parte do seu gás aproxima o país de uma agenda de industrialização energética que pode fortalecer a competitividade regional, sobretudo num mercado em rápida expansão e disputado por economias vizinhas.
O ministro dos Recursos Minerais e Energia, Estevão Pale, sublinhou que o Governo pretende abrir espaço à participação de operadores privados em novos projectos de gás, combustíveis e electricidade, assegurando simultaneamente um reforço dos mecanismos de regulação e fiscalização. Esta posição é interpretada no sector como uma tentativa de equilibrar investimento com estabilidade regulatória, factor crítico para atrair capital num momento em que Moçambique disputa protagonismo no mercado energético da África Austral.





