A dívida digital constitui um dos grandes desafios contemporâneos para o continente africano, mas pode igualmente representar uma oportunidade para uma transformação estrutural das economias africanas, afirmou esta Segunda-feira, 24, em Luanda, o presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf.
Ao intervir na sessão de abertura do Fórum de Negócios União Africana–União Europeia 2025, o responsável destacou que África adoptou uma posição comum sobre a sustentabilidade da dívida, defendendo que a sua gestão responsável é “uma questão essencial para o futuro económico do continente”. Para Youssouf, a discussão não deve centrar-se apenas no peso da dívida, mas sobretudo na sua capacidade de financiar sectores que gerem valor e competitividade.
O dirigente africano sublinhou a necessidade urgente de investimentos em inovação, tecnologia, inteligência artificial e expansão da economia digital, áreas em que África permanece estruturalmente distante das grandes potências.
“A China e os Estados Unidos estão a investir centenas de milhares de milhões de dólares em inteligência artificial. Nós não temos esses recursos no continente”, observou.
Por essa razão, Youssouf defendeu um reforço da cooperação com a União Europeia, argumentando que inovar a dois é estratégica e mutuamente vantajosa. Alertou, porém, para o risco de abordagens proteccionistas, lembrando que África tem condições para se afirmar como um dos motores do crescimento global nas próximas décadas.
Para que este potencial se materialize, acrescentou, os dois continentes devem concentrar-se em sectores de maior valor acrescentado, reduzindo a dependência de exportações primárias e ampliando a capacidade industrial africana.
O presidente da Comissão da UA recuperou também a mensagem de Ursula von der Leyen sobre o Global Gateway, referindo-se ao mecanismo como “o futuro da parceria África–União Europeia”. Ao mesmo tempo, defendeu a necessidade de atrair mais empresas e investidores europeus para o continente, salientando que quem apostar agora beneficiará do crescimento de um mercado que deverá alcançar 2,5 mil milhões de habitantes até 2050.
“O poder humano está no continente. As forças estão no continente. O futuro do mundo está neste continente”, concluiu.





