Norberto Benjamim

De acordo com a teoria económica, o produto realiza-se pela conjugação dos factores de produção, isto é, terra, trabalho e capital, hospedados em determinado território económico, considerado espaço geo-político e administrativo onde ocorre o processo de produção.

Tal conjugação é viabilizada pelo exercício de actividade económica sectorizada e especializada, que atende as necessidades da cadeia de valor, avaliada pela quantidade de bens e serviços disponíveis ao cidadão(s)/cliente(s)/consumidor(es).  

A desconcentração geográfica dos recursos directos e indirectos afectos ao processo produtivo, propicia a mobilidade intra-planetária dos mesmos, considerando as potencialidades, o modelo, o perfil, o estágio e a estratégia de desenvolvimento económico de cada país. 

Esta evidência faz com que um determinado território, seja preenchido por empresa(s), capital humano, capital tecnológico e capital financeiro, não apenas de matriz endógena, mas também exógena, responsáveis pela formação, aferição e categorização do produto, ou seja, a diferença entre a produção concretizada por empresas locais e a produção efectuada por empresas oriundas de outras partes do mundo, tendo também em consideração a origem dos meios intervenientes. 

É sabido que um dos indicadores de mensuração da robustez de uma economia, consiste substancialmente na participação de factores e meios de produção de matriz local e a sua contribuição para a geração da riqueza nacional. Tal participação é depois replicada em outros espaços geográficos do globo que vão constituir-se em territórios económicos, facto que acarreta consigo várias externalidades positivas.

Isto implica em primeira instância e fundamentalmente, maior representatividade e participação de empresas (produtoras de bens/serviços e financeiras) e capital humano local no processo produtivo, vis-a-vis com um ambiente económico/de negócios favorável, um ordenamento do território adequado e compatível à co-abitação dos interesses económicos e comunitários, bem como o investimento infra-estrutural passível de viabilizar o investimento ao longo da cadeia de valor das fileiras de produção.

De notar que, um ambiente económico favorável, traduzido essencialmente em estabilidade política (fiscal, monetária, cambial) e legal (investimento, migratória e outras) são elementos catalisadores para a domiciliação intemporal  de investimento (local e estrangeiro) e dos proveitos dos agentes económicos (empresas, família e Estado), afigurando-se também como um ‘ninho’ apropriado para o nascimento, crescimento e fortalecimento do tecido empresarial local, fundamentalmente na disponibilidade dos factores e meios de produção, desde o acesso aos recursos naturais, financeiros e o capital humano.

A representação e participação quantitativa e qualitativa dos factores e meios de produção de matriz endógena deve ser precedida de uma estratégia que obedece à um conjunto de aspectos de ordem estrutural tendentes a capacitação, profissionalização e valorização de todos os sujeitos integrantes: academia, empresas, instituições financeiras e para-financeiras e outras, susceptíveis de contribuir para o empoderamento, crescimento e afirmação das empresas e capital humano de matriz local. 

O posicionamento dos elementos acima elencados, reflectir-se-ão num maior dinamismo do circuito económico (fluxos reais e monetários) entre as empresas, famílias e o exterior, com repercussão positiva no crescimento, emprego, estabilidade de preços, consumo/poupança, transações com o exterior e no rendimento (quer na forma de salário, como na forma de lucro). 

O oposto, ou seja, maior representatividade e participação de factores e meios de produção de matriz exógena, implica maior valor pecuniário pago/enviado ao exterior, em forma de retorno do capital investido no país de acolhimento, dividendos, remunerações (total ou parcial), poupança e em forma de pensões, por exemplo.  

Este cenário, associado à um ambiente económico repulsivo e inspirador de desconfiança por parte dos agentes locais (empresas e famílias), propicia inclusive à saída de poupanças e de outras formas de rendimento/renda local. 

Artigos Relacionados