O cenário sócio-politico e económico de Moçambique, foi-se deteorando ao longo dos últimos cinco meses em que mesmo com a assinatura do Termo de Referência do “Diálogo de Reconciliação Nacional” entre os partidos políticos com assento na Assembleia da República e Assembleias Provinciais, a instabilidade persistiu demonstrando que aquele não era o caminho mais indicado para acalmar a “insatisfação” popular pelo menos a curto prazo.
Com o passar do tempo, o povo moçambicano clamou ainda mais por um encontro entre as duas partes mais importantes do contexto político em Moçambique, neste caso Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, com vista a por fim a onda de manifestações e violência em todo território nacional, onde, de acordo com a ONG DECIDE, cerca de 362 pessoas perderam a vida, de 21 de Outubro de 2024 até ao dia 27 de Março de 2025.
No entanto, na noite de domingo (23 de Março) o esperado aconteceu, tendo Venâncio Mondlane mantido um encontro com Daniel Chapo, que não foi antecipadamente publicitado, bem como o conteúdo também não foi difundido, levantando assim várias especulações e aproveitamento político. Especulações e aproveitamentos a parte: será que os encontros de diálogo entre as duas figuras bastará para a estabilidade do país? A resposta é simples: não!
Justificando: Diferente dos tempos passados, a instabilidade no país não é por conta de dois actores apenas mas sim três, sendo o Governo da FRELIMO, comandado pelo Daniel Chapo, Venâncio Mondlane e o Povo Moçambicano. Se calhar deve estar a perguntar-se porque o Povo Moçambicano? Simples, o povo moçambicano hoje em dia não precisa em demasia de uma voz de comando, ela age por si só apesar de Venâncio Mondlane ainda ter um domínio, mas há uma consciencialização mais forte de que a soberania reside no povo.
Assim sendo, Venâncio Mondlane pode ser levado como um veículo para a transmissão das preocupações do povo para a mesa de discussão, em que caso não se sane com as problemáticas sociais e económicas urgentes o povo poderá resistir ou seja, as manifestações poderão continuar a decorrer mesmo com assinatura de acordos. Um dado não menos importante, é o facto de não se abordar abertamente sobre os pontos de debate, o que pode retirar uma transparência no processo, uma vez que os tempos são outros e os actores também. A falta de transmissão de dados pode criar problemas aos actores políticos.
Num outro ângulo está a assinatura do Termo de Referência que já havia destacado a cima, em que a sua viabilidade só será possível se tivermos actores imparciais no processo vindos da sociedade civil, porque em caso de inexistência, fará com que estejamos a assinar acordos a tempo inteiro. Será necessário apartar-se de figuras passadas apenas, existindo a necessidade de pegar os representantes activos dos diversos extractos e principalmente os que trabalham com as bases “terra a terra” para poder-se ter uma agenda clara e se traga os resultados permitidos. Um outro dado importante será a inclusão de jovens sem inclinações partidárias ou apartidários para que a recolha dos materiais seja genuínas, não se esquecendo que este último extracto da sociedade é que tem estado na linha da frente das manifestações nacionais.
Em suma, além da política dos 100 dias, diálogo inclusivo e encontros, o povo moçambicano precisa de medidas concretas como a eliminação de perseguições aos opositores do regime, comportamento exemplar principalmente da UIR que mais mata, projectos habitacionais, planificação eficaz para erradicação do desemprego pensando também no auto-emprego de forma mais inclusiva e específica, acesso à educação não apenas de forma aberta aos filhos dos combatentes/simpatizantes de qualquer partido, massificação de apoio financeiro aos pequenos empreendedores porque estes mexem positivamente a vida económico de um país, pois, tudo o que foi neste último parágrafo escrito pode pesar muito positivamente ao Governo dia e aos moçambicanos , cabendo a cada indivíduo fazer a sua parte.