Entende-se por país, a delimitação geográfica de um determinado território comumente associado a soberania política e administrativa do povo que nele habita. Ou seja, tem razão e sentido de ser se, acoplada à questão da territorialidade, aspectos sociológicos, antropológicos e económicos estejam também inerentes, resultando assim a tricotomia Território, Povo e Estado, assumindo o último, responsabilidades sobre os primeiros, pela via do sistema e modelo de governação.
O território e o povo podem considerar-se como partes constituintes do ‘património público nacional’, sob a esfera do Estado, regida por um conjunto de instrumentos de planeamento no sentido de promover a harmonia, o bem-estar e a justiça social.
Para o cumprimento de tal aspiração, além de outros elementos que compreendem o património público, a ‘inventariação’ do ‘povo’ na forma de censo, afigura-se como ferramenta fundamental para o desenvolvimento económico do país.
Adam Smith (1723-1790) filósofo e economista escocês, na sua obra a Riqueza das Nações, faz prova do que acima se refere ao afirmar que “o que estimula o aumento da população e do desenvolvimento estimula também o aumento da riqueza e da grandeza real”.
O censo ou census (palavra de origem latina que significa estimativa) que Angola realiza pela 2ª vez (e que se espera que seja realizado e de acordo com as Nações Unidas de decénio em decénio) desde a independência do país, é uma ferramenta que permite a recolha de dados sobre a população como as características demográficas, sociais, económicas e geográficas, quanto ao número, género, idade, credo, estado civil, habilitações académicas, habilitações profissionais, situação laboral (empregado ou desempregado), rendimento, local e condições de habitação e demais.
Tal informação serve de base para o conhecimento real da densidade populacional (população rural e urbana, bem como a respectiva taxa de ocupação territorial) a dinâmica populacional (natalidade, mortalidade, crescimento anual, IDH e afins) de forma a permitir com maior fiabilidade possível, a elaboração/(re)formulação de políticas públicas eficazes nos vários domínios da vida económica e social do país em áreas como energia, água, vias de comunicação, portos, aeroportos, habitação, telecomunicações, saúde, educação, alimentação e etc.
Com a informação acima é possível, por exemplo, efectuar a distribuição dos recursos financeiros pelas distintas áreas geográficas que compreendem o país, de acordo com a realidade económica e social de cada, por forma a permitir que as regiões, províncias, município e outras localidades, beneficiem de investimento público de acordo com as reais necessidades, que por sua vez permitirá o desenvolvimento urbano e rural, promovendo um crescimento equilibrado, inclusivo e sustentável. Tal prisma repercutir-se-á na qualidade do orçamento quer pela via da receita, tanto pela via da despesa.
A informação censitária é uma ferramenta que concorre para a atracção, captação e retenção de investimento, pois permite aos empresários e investidores identificarem as oportunidades de mercado, a abertura de novos negócios e/ou expansão dos já existentes. Permite também fornecer informações sobre a força de trabalho disponível, suas aptidões e habilidades para estarem ao serviço das empresas.
Fora da esfera governativa, a informação censitária permitirá o monitoramento das mudanças sociais e económicas, como o crescimento e mobilidade populacional, os níveis e padrões de consumo, aliados aos factores culturais e contribuirá para analisar e elaborar estudos de tendências de cariz social, económica e cultural da população.
Quer isto dizer que, do resultado do censo, reformular-se-á toda a política económica e social do país, no sentido de direccionar as acções na correcção dos aspectos negativos e a melhoria dos aspectos positivos, tendo como público-alvo, o cidadão, o habitante.
Para o efeito, esta acção exige rigor técnico, científico e profissionalismo de todos os envolvidos, desde a sua preparação até à divulgação final dos resultados, que consiste no planeamento para a definição dos objectivos, metodologia, recursos técnicos, financeiros e tecnológicos, capital humano, implementação, revisão e conclusão, de acordo com os padrões e normas universalmente aceites.
O objectivo final do censo é o de garantir que as informações obtidas reflictam a realidade da população e possam ser usadas para fundamentar decisões políticas, económicas e sociais.