Opinião

O grande domínio das Big Four da auditoria

Walter Correia

Muito antes do grande colapso da auditora Arthur Andersen, o sector de auditoria já se apresentava bastante concentrado, sendo dominado desde o século XIX por um número restrito de entidades, que se viu reduzido ao longo dos tempos até se formarem as Big Four (Deloitte, PWC, KPMG e EY) que vêm liderando o sector até ao momento, concorrendo com alguns players de média dimensão, nomeadamente, a BDO International Limited, RSM International Limited, Grant Thornton, Crowe Horwath, Nexia International e Baker Tilly. O parecer emitido pelas firmas que compõem este grupo, após conduzirem um processo de auditoria, é considerado bastante relevante pelos stakeholders, pois agregam bastante valor às demonstrações financeiras das empresas, influenciando significativamente a opinião pública a respeito das mesmas.

Este facto contribuiu para o aumento da credibilidade que estas quatro firmas possuem ao redor do mundo, uma vez que, apesar de outras firmas de auditoria apresentarem sinais de crescimento, principalmente ao nível internacional, de certo modo, as grandes empresas públicas e privadas continuam tendo maior preferência por auditorias realizadas pelas líderes de mercado, distanciando-as cada vez mais da concorrência.

De acordo com os dados fornecidos pelo Financial Reporting Council (FRC), a Deloitte, PWC, KPMG e EY, auditaram 81,8% de todas as empresas no Reino Unido em 2018, sendo que durante o mesmo período, também auditaram 100% do FTSE 100, índice que engloba as 100 maiores empresas na Bolsa de Valores de Londres.

Entretanto, o poder e a representatividade das marcas que construíram ao longo dos últimos anos, são factores que têm impactado na actuação destas grandes firmas. Em 2019, a Spark Agency, em Portugal, realizou um estudo onde mais de 2.400 universitários

responderam alguns questionários, e deixaram claras quais as empresas que mais os atraem. Nesta senda, após a publicação dos resultados, foi possível validar que dentre as dez maiores empresas do ramo de auditoria a nível mundial, apenas a Deloitte e KPMG constavam no ranking das vinte empresas mais atractivas para trabalhar em Portugal tendo em conta o período em análise. Enquanto isso, no Brasil, um estudo semelhante denominado

World’s Most Attractive Employers 2019 realizado pela Universum, baseado nas opiniões de estudantes as preferências de estudantes de diversas áreas, divulgou uma lista das dez empresas mais atractivas. Sendo que, o ranking direccionado para a área de negócios, registou somente a presença das Big Four, no que concerne às entidades prestadoras de serviços de auditoria existentes naquele país.

Assim sendo, é possível constatar que para além das empresas com as quais as mesmas se relacionam, a sociedade em geral também acredita na qualidade e excelência dos seus serviços, assim como no crescimento pessoal e profissional que as mesmas proporcionam aos seus colaboradores, contribuindo, desta forma, para este domínio de mercado que por sinal irá perdurar por longos anos.

WA LT E R C O R R E I A

Consultor financeiro

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