O Petro de Luanda registou no exercício económico de 2024 prejuízos de 847,1 milhões de kwanzas, equivalentes a 928,8 mil dólares à luz da taxa de câmbio do Banco Nacional de Angola (BNA). Os dados, segundo o Polígrafo África – que consultou o relatório e contas do clube –, contrastam com o desempenho positivo de 2023, quando a instituição encerrou o ano com um lucro de 374,7 milhões Kz (452,6 mil dólares).
O ano financeiro de 2024 evidencia um desfasamento crescente entre o sucesso desportivo e a performance económica. Apesar das conquistas nas principais modalidades — futebol, basquetebol e andebol — e, em particular, da histórica vitória na Liga Africana de Basquetebol (BAL), os indicadores financeiros evoluíram em sentido contrário. Os resultados operacionais caíram 34,2%, passando de 1,2 mil milhões Kz (1,4 milhões de dólares) para 799,2 milhões Kz (876,3 mil dólares).
O relatório apresentado na Assembleia Geral de Sócios, realizada a 15 de Novembro, sublinha igualmente que o capital próprio do Petro de Luanda permanece negativo, situando-se em menos 4 mil milhões Kz. “O clube apresenta um capital próprio negativo decorrente de resultados negativos apurados ao longo de diversos exercícios”, refere o documento citado pelo Polígrafo África, apontando para uma fragilidade estrutural que não foi ainda totalmente corrigida.
Entretanto, apesar deste cenário, os activos do clube dirigido por Tomás Faria cresceram 28,5% em 2024, elevando o património total de 2,9 mil milhões Kz (3,5 milhões de dólares) para 3,7 mil milhões Kz (4,1 milhões de dólares). O reforço patrimonial demonstra algum dinamismo na capacidade de investimento, ainda que não suficiente para compensar o impacto dos resultados negativos.
Falha à fase de grupos da Liga dos Campeões terá penalizado receitas
Depois de seis apuramentos consecutivos, o Petro de Luanda falhou em 2024 o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões da CAF. A derrota por 2-1 em Kinshasa, frente ao AS Maniema, seguida de um empate sem golos em Luanda, afastou a equipa de uma das suas principais fontes de receitas externas.
A quebra terá se reflectido de forma directa nas finanças: os prémios de competição caíram para 174,2 milhões Kz (191 mil de dólares), muito abaixo dos 1,4 mil milhões Kz (1,7 milhões de dólares) registados em 2023.
O impacto foi significativo num clube que, em contexto continental, depende também da continuidade nas competições africanas para reforçar a sua liquidez e sustentar o planeamento desportivo.
