Entre os 7 e os 8 anos de idade juntei-me aos escuteiros de Bissau, que tinham uma pequena banda de animação nos acampamentos, na qual eu era percussionista. Foi nesta pequena banda que veio a nascer depois o Super Mama Djombo, na casa da família do Luís Taborda.
No campo familiar, no caso a minha mãe, nunca contestou esse fervor da expressão musical que quase ocupou toda a minha infância, com concertos e ensaios. Ela repetia vezes sem conta: “Podes continuar a tua música na condição de teres sempre bons resultados nos estudos, caso contrário, acabou a música.”
Aos 11 anos de idade comecei a tocar bateria no Super Mama Djombo até à data presente. Entre os 14 e os 15 anos de idade, comecei a escrever poemas de amor que nunca foram musicalizados.
Pouco depois aprendi a tocar guitara, e nessa altura nasceu o fervor de escrever poemas sobre a vida social da Guiné-Bissau e falar na voz daquele povo tão humilde que até então ainda não vivera o sonho de Amílcar Cabral. Foram esses poemas que embarcaram no meu primeiro álbum, designado Tustumunhos Di Aonti lançado em 1982, e com este trabalho dei início à minha carreira a solo.
Em 1983, em Portugal, a Fundação Gulbenkian deu seis bolsas de estudos na área musical por via do Ministério da Cultura da Guiné-Bissau, e eu fui um dos contemplados. Durante a minha estadia a frequentar os estudos, desbravei outros caminhos paralelos e iniciei as aulas do Swasthya Yoga. Entre 1984 e 1986, fiz a formação para professor do Swasthya Yoga, Yoga Tantra Samkhya.
Em 1987, finalizando os estudos em música, fui para França, onde permaneci durante um ano nos corredores da música, seguindo para a Califórnia, EUA, em 1988. Já na Califórnia, onde residi cerca de três décadas, continuei com aminha música e dando aulas de Swasthya Yoga.
Em 2002 lancei o meu primeiro álbum nos EUA, Maron Di Mar, com Cobiana Record, em parceria com Brian King. O álbum foi nominado no Award Kora na África do Sul. Em 2004, lancei o terceiro álbum, African Citizen, em parcearia com o Label francês. Este trabalho mereceu o Award na categoria da Música Africana, como melhor álbum do ano, já o trabalho Voz do Sangue ganhou na categoria de melhor música do ano, no Just Plan Folk Music Award.
Em 2006, lancei o álbum Povo Adormecido, que foi um grande sucesso nas rádios locais da Califórnia. Já em 2007 participei na construção da primeira ópera africana no Mali, que foi financiada pela família real dos Países Baixos com a participação do Théâtre du Châtelet, de França. Fui o compositor da ópera Bintou Were, que foi feita em três idiomas, nomeadamente em wolof, bambara e crioulo. As informações sobre a Opera do Sahel podem ser vistas no Google: THE SAHEL OPERA PROJECT.
Em 2010 respondi ao meu anseio e decidi voltar para a Guiné, com o projecto Cobiana Record, um estúdio de gravação, no qual trabalhei em parceria com Brian King. Senti que tinha uma dívida para com o meu país, por tudo o que um dia já me tinha proporcionado, tornando-me quem sou hoje. Por esse motivo decidi doar de mim, trabalhar com jovens artistas, criar festivais nacionais, que seria uma forma de gerar postos de emprego para os músicos e não só. Ainda em Bissau, em 2019, lancei o álbum História Fala, que se tornou um grande sucesso nas redes sociais.
Em 2022 decidi regressar para a Califórnia para dar continuidade a alguns projectos a que já tinha dado início. Entretanto, dei início a um novo álbum que promete estar no mercado em 2026. Em breve, estarei de regresso à Guiné-Bissau.





