Poeta e historiadora angolana vence 37.ª edição do Prémio Camões

A poeta e historiadora angolana Ana Paula Tavares é a vencedora da 37.ª edição do Prémio Camões, o mais prestigiado galardão literário de língua portuguesa, no valor de 100 mil euros. O prémio distingue a sua trajectória fecunda e coerente na criação estética, sublinhando o resgate da dignidade da poesia e a relevância antropológica e…
ebenhack/AP
O prémio distingue a trajectória fecunda e coerente de Ana Paula Tavares na criação estética, sublinhando o resgate da dignidade da poesia e a relevância antropológica e histórica da sua obra, que inclui poesia, crónica e ficção narrativa.
Life

A poeta e historiadora angolana Ana Paula Tavares é a vencedora da 37.ª edição do Prémio Camões, o mais prestigiado galardão literário de língua portuguesa, no valor de 100 mil euros.

O prémio distingue a sua trajectória fecunda e coerente na criação estética, sublinhando o resgate da dignidade da poesia e a relevância antropológica e histórica da sua obra, que inclui poesia, crónica e ficção narrativa.

Nascida em 1952, no Lubango, Huíla, Ana Paula Tavares é licenciada em História e Mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de Lisboa. Entre 1983 e 1985, coordenou o Gabinete de Investigação do Centro Nacional de Documentação Histórica em Luanda, e foi membro do júri do Prémio Nacional de Literatura de Angola entre 1988 e 1990.

Em declarações à agência Lusa, Ana Paula Tavares afirmou que “espero que haja a possibilidade de continuar a provar que a poesia tem um lugar nas nossas vidas, nos nossos compromissos, nas nossas lutas diárias”.

Ana Paula Tavares afirmou que, desde o momento em que soube da notícia, a primeira coisa que lhe ocorreu foram as mulheres do seu país, Angola: “Aquelas que continuam em silêncio, a lutar pela vida todos os dias, a inventar a vida, a reconstruir essa mesma vida”.

“Não tenho pretensões de falar em nome das mulheres do meu país. Sou uma mulher angolana e essa é a minha função, mas se a minha palavra de alguma maneira puder tocá-las e tocar as instâncias que podem — ou que devem — mudar as coisas é um objetivo que gostava” de alcançar, afirmou a escritora.

A autora integra a “geração de 80”, preocupando-se especialmente com a condição da mulher na sociedade angolana. A sua poesia utiliza um “sujeito poético” feminino como veículo de denúncia e libertação, explorando símbolos como cores, frutos e ornamentos, mesclando religiosidade cristã e realidade africana. Entre os seus livros de poesia destacam-se: Ritos de Passagem (1985), O Lago da Lua (1999) e Dizes-me Coisas Amargas Como os Frutos (2001), tendo também publicado crónicas e ensaios sobre a história de Angola.

Em comunicado, a Editorial Caminho afirmou Ana Paula Tavares é “uma Referência incontornável no espaço da língua portuguesa” e “foi com imensa alegria que recebemos a notícia que a poeta e historiadora foi distinguida com o Prémio Camões 2025”.

Mais Artigos