O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, desafiou nesta quinta-feira o sector empresarial privado nacional e estrangeiro a olhar também para a pertinência de se fazerem investimentos para a produção de adubos e fertilizantes, de sementes de qualidade e de vacinas para o gado e aves, que considera condição fundamental para o incremento da produção agrícola e pecuária, não só virada à satisfação da procura interna como à exportação.
Ao fazer o ponto de situação sobre o estado da nação, na sessão solene de abertura do novo ano parlamentar, o chefe do Executivo angolano referiu que, reconhecendo a importância do sector produtivo no actual contexto do país, e com o objectivo de mitigar o impacto socioeconómico da pandemia da Covid-19, o Governo aprovou o Plano Integrado de Aceleração da Agricultura e Pesca Familiar 2020-2022. Assente no reforço da capacidade institucional e na melhoria da assistência técnica para o fomento agropecuário, florestal e pesqueiro, explicou, o referido plano poderá garantir o incremento de pelo menos 15% a 20% da produção familiar e apoiar pouco mais de 1,2 milhões de famílias, disse.
Na mesma perspectiva, lembrou, o Governo reduziu a taxa do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) para efeitos de tributação nas operações de importação dos insumos agrícolas e bens de capital de 14% para 5%, e com isto observamos um incremento da produção nacional, o que é encorajador.
O estadista afirmou, na ocasião, que o sector da Agricultura, Pescas e Florestas representa, no quadro da diversificação da economia, um papel preponderante no combate à fome, na garantia da segurança alimentar e nutricional da população, na redução da pobreza e desemprego, tanto no meio rural como no urbano, através da comercialização dos produtos do campo.
Garantiu, por isso, o comprometimento do seu governo na inversão paulatina da agricultura manual, que hoje representa cerca de 72% do total das áreas cultivadas, tendo, neste sentido, investido já na aquisição de 990 tractores e respectivas alfaias, o que permitiu criar 89 brigadas de mecanização agrícola privadas, localizadas em todos os municípios do país, e 15 brigadas de mecanização e engenharia rural.
Nesta Quarta-feira João Lourenço inaugurou, na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, uma fábrica de montagem de tractores e de alfaias agrícolas, com capacidade para produzir anualmente 3 mil unidades. Com esse investimento privado, adiantou o Presidente, pretende-se, além da criação de postos de trabalho, fazer com que seja mais fácil o processo de compra dos tractores agrícolas, para “aqueles que aceitaram o desafio de fazer da agropecuária o nosso petróleo verde, o novo motor da economia angolana”.
O líder do Executivo anunciou, no seu discurso, que o Governo prevê pagar a fundo perdido os primeiros 500 tractores da nova indústria de montagem, inaugurada a 14 de Outubro, que serão entregues a famílias camponesas em todo território nacional. “Mais de 90% da produção agrícola do País é resultado do esforço dessa classe, sendo que a maioria das famílias camponesas ainda trabalha com enxadas e catanas”, enfatizou o Chefe de Estado.