Presidente angolano defende cooperação continental para financiar infra-estruturas estratégicas em África

O Presidente de Angola e da União Africana (UA), João Lourenço, defendeu esta Terça-feira, em Luanda, que o desenvolvimento de infra-estruturas constitui um instrumento essencial para criar empregos, promover o comércio intra-africano, fortalecer a integração regional e melhorar as condições de vida das populações. Ao abrir a 3.ª Cimeira sobre Financiamento de Infra-estruturas e Desenvolvimento…
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João Lourenço considera que o desenvolvimento de infra-estruturas é um meio para criar empregos, promover o comércio intra-regional e intra-africano, fomentar a integração regional e continental.
Economia

O Presidente de Angola e da União Africana (UA), João Lourenço, defendeu esta Terça-feira, em Luanda, que o desenvolvimento de infra-estruturas constitui um instrumento essencial para criar empregos, promover o comércio intra-africano, fortalecer a integração regional e melhorar as condições de vida das populações.

Ao abrir a 3.ª Cimeira sobre Financiamento de Infra-estruturas e Desenvolvimento em África, o Chefe de Estado sublinhou que “o futuro de África depende da sua capacidade de se unir em torno de objectivos comuns” e de transformar a ambição da industrialização e da electrificação do continente em resultados concretos.

“Precisamos de encontrar as melhores soluções de financiamento de infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias, aeroportuárias, energéticas e de telecomunicações, não apenas para servir cada país isoladamente, mas sobretudo para que essas infra-estruturas possam ser partilhadas no âmbito da integração regional e continental”, afirmou.

A cimeira, que decorre durante quatro dias em Luanda, visa facilitar o diálogo de alto nível entre governos, investidores e instituições multilaterais, bem como aprofundar a avaliação técnica de projectos prioritários nos sectores ferroviário, rodoviário, energético, hídrico, urbano e das tecnologias de informação e comunicação, no quadro da agenda africana de transformação digital.

João Lourenço destacou que Angola, às vésperas de celebrar o seu 50.º aniversário de Independência, tem investido de forma contínua na modernização e expansão das suas infra-estruturas, incluindo o novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, a ampliação da rede rodoviária e portuária e a construção do porto de águas profundas do Caio, em Cabinda.

No domínio da energia, o Presidente destacou que o país “possui já capacidade para satisfazer as suas necessidades internas”, mas continua a investir na expansão da geração e distribuição, nomeadamente com a construção da barragem de Caculo Cabaça, que produzirá 2.172 MW, e outros projectos hidroeléctricos nas bacias dos rios Kwanza, Keve, Longa e Cunene.

Somadas, estas iniciativas poderão acrescentar mais de 8.000 MW à capacidade instalada, elevando a produção nacional para cerca de 14.800 MW nas próximas duas décadas.

“Vamos ligar Cabinda à rede nacional de energia a partir do Soyo, por via de um cabo submarino, e pretendemos partilhar o excedente com os países vizinhos da SADC e da África Central, através de parcerias público-privadas”, adiantou.

O estadista angolano referiu também os investimentos em curso na expansão do acesso à água potável, com destaque para os projectos do BITA e Quilonga Grande, que beneficiarão 7,5 milhões de habitantes da região de Luanda, e para as barragens de armazenamento e combate à seca no Sul do país, incluindo as do Cafu, Calucuve, Cova do Leão, Bero e Lucira.

No sector das telecomunicações, anunciou o lançamento de um novo satélite de observação da Terra e a expansão da rede de fibra óptica, iniciativas que visam “democratizar o acesso à inovação tecnológica e à economia digital”.

João Lourenço destacou ainda o Corredor do Lobito como eixo estratégico para a integração regional e para a economia mundial, por reduzir o tempo e os custos logísticos entre a Ásia, África, Europa e América, reforçando a competitividade das exportações da África Austral.

“Os nossos desafios continuarão a consumir muitos recursos, mas estamos convictos de que os investimentos até aqui realizados e em execução são parte fundamental da transformação estrutural em curso em Angola, uma transformação que queremos partilhar no âmbito da Zona de Comércio Livre Continental Africana, na construção de uma África integrada e próspera”, concluiu o Presidente de Angola e actual líder da União Africana.

Reagindo as declarações de João Lourenço, um economista ouvido pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA considera que a intervenção do Presidente angolano se enquadra numa nova fase de diplomacia económica africana, em que a convergência entre Estados, instituições financeiras e investidores privados é vista como condição essencial para desbloquear o potencial produtivo e tecnológico do continente.

Num cenário global marcado por restrições fiscais e concorrência por capital, acrescentou o especialista, África procura construir a sua própria arquitectura de financiamento, baseada na integração regional, na digitalização e no investimento sustentável.

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