A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu nesta Terça-feira a remoção de obstáculos para aproveitar o potencial de actividades como ‘start-ups’ de inteligência artificial ou do lítio em Portugal e do corredor do Lobito em Angola.
Intervindo em Bruxelas na conferência de alto nível sobre “Um ano após o Relatório Draghi”, que admitia a necessidade de investimentos avultados para a competitividade económica da União Europeia (UE) face aos Estados Unidos e à China, Ursula von der Leyen apontou que “ainda existem muitos obstáculos”.
Depois de o relatório do antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi ter elencado como principais desafios a inovação, a descarbonização e os elevados preços da energia, Ursula von der Leyen advogou também a aposta nas matérias-primas críticas da UE “em prol da segurança económica”, garantindo apoio financeiro e licenças em tempo útil a iniciativas como “o processamento de lítio em Portugal”.
Quanto à energia, e quando mais de 70% da electricidade europeia provém de fontes com baixas emissões de carbono, a líder do executivo comunitário prometeu apostar em interligações eléctricas, pedidas há muitos anos pela Península Ibérica, uma ilha energética na UE.
“Muitas vezes, não dispomos das interligações necessárias ou não utilizamos de forma eficiente as que temos, [mas] agora, começámos a abordar esta questão […] e muitos projectos já estão em curso” como o “projecto da baía de Biscaia, que duplicará a capacidade entre França e Espanha”, exemplificou.
“Além disso, iremos propor um pacote de redes e uma nova iniciativa de autoestradas energéticas, que irá centrar-se em oito estrangulamentos críticos nas nossas infraestruturas energéticas”, apontou ainda.
Em termos da diversificação das parcerias, numa altura em que a UE enfrenta tensões comerciais agora mitigadas com importantes parceiros como os Estados Unidos, Ursula von der Leyen disse querer “uma rede de projectos estratégicos em todo o mundo”, que inclui o “corredor estratégico de Lobito para o cinturão de cobre de África”, em Angola,
“Tudo isto com a nossa abordagem europeia distintiva. Outras potências estão apenas interessadas na extração, [mas] nós construímos indústrias de transformação locais e cadeias de valor porque é assim que reforçamos a nossa própria segurança”, adiantou.
Especificamente no que toca ao comércio, a responsável garantiu “vontade política” para concluir um acordo com a Índia antes do final do ano e avançar com a África do Sul, Malásia, Emirados Árabes Unidos e outros.
Ursula von der Leyen, citada pela Lusa, apelou ainda ao “sentido de urgência em toda a agenda de competitividade” da UE para avançar com “medidas urgentes para enfrentar necessidades urgentes”.