A produção de hidrocarbonetos em Moçambique deverá recuar 9% em 2026, uma quebra associada a paragens programadas e à redução dos níveis de gás natural em dois dos principais campos em operação, segundo os documentos de suporte ao Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) 2026, actualmente em análise no parlamento.
De acordo com o relatório, a descida reflecte sobretudo a paragem programada para manutenção da plataforma Coral Sul, o maior activo actualmente em operação no segmento do gás natural liquefeito (GNL), e a diminuição da produção nos campos de Pande e Temane, responsáveis por abastecer projectos industriais e o mercado nacional de energia.
Segundo a Lusa, o PESOE aponta para reduções em praticamente todos os segmentos de hidrocarbonetos: a produção de gás natural deverá recuar cerca de 3%, enquanto o petróleo leve — um dos derivados — poderá registar uma queda muito mais acentuada, na ordem dos 32%.
Moçambique possui três grandes projectos de exploração aprovados para a bacia do Rovuma, cujas reservas estão entre as maiores descobertas globais das últimas décadas. Apesar do potencial, apenas o Coral Sul, operado pela Eni, está em actividade desde 2022. Em Outubro, o Governo aprovou o investimento de 6,2 mil milhões de euros para a instalação de uma segunda plataforma flutuante, o Coral Norte, prevista para entrar em operação em 2028 e duplicar a capacidade instalada para 7 milhões de toneladas por ano (mtpa) de GNL.
Depois de quatro anos suspenso devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado, o megaprojecto Mozambique LNG (Área 1), operado pela TotalEnergies e avaliado em 17,4 mil milhões de euros, encontra-se em fase de retoma, com produção estimada em 13 mtpa a partir de 2029. Segue-se o Rovuma LNG (Área 4), liderado pela ExxonMobil, um investimento de 26,1 mil milhões de euros e capacidade projectada de 18 mtpa depois de 2030.
Apesar da quebra prevista para 2026, o horizonte de médio prazo sugere uma reconfiguração profunda da posição de Moçambique no mercado global de gás natural, com potencial para se tornar um dos principais fornecedores mundiais na década de 2030.





