A produção petrolífera de Angola caiu em Julho para 30,9 milhões de barris, correspondendo a uma média diária de 998.757 barris, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG). É a primeira vez desde a saída do país da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em 2023, que o volume fica abaixo de um milhão de barris por dia.
O resultado ficou aquém da meta de 1,07 milhões de barris diários prevista para o período. No segmento do gás associado, a produção atingiu 82,3 mil milhões de pés cúbicos, o equivalente a uma média diária de 2.655 milhões de pés cúbicos.
A quebra da produção adiciona pressão às contas públicas angolanas, já afetadas por um preço médio do petróleo inferior aos 70 dólares por barril inscritos no Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2025. A combinação de menor volume produzido e preços em baixa traduz-se em receitas fiscais mais curtas, num país cuja economia continua fortemente dependente das exportações de crude.
No segundo trimestre deste ano, Angola exportou 83,6 milhões de barris de petróleo bruto, que renderam 5,6 mil milhões de dólares. O valor representa uma queda de 13,6% em relação ao mesmo período de 2024. Em comparação com o trimestre anterior, as exportações diminuíram 3,8% em volume e 12,5% em valor, refletindo a dupla pressão de produção limitada e preços menos favoráveis.
Um setor em transformação
A queda abaixo da barreira psicológica de um milhão de barris diários ocorre menos de dois anos depois de Angola ter deixado a OPEP, numa decisão justificada, na altura, pelo limite de 1,2 milhões de barris por dia imposto pelo cartel, considerado insuficiente face às necessidades nacionais.
Agora, no entanto, a realidade mostra que os desafios são internos: maturidade dos campos, insuficiente investimento em novos projectos e dificuldades operacionais estão a condicionar o desempenho do sector.
Para o Executivo, o cenário reforça a urgência em diversificar as fontes de receita e acelerar investimentos em gás natural e energias de transição, ao mesmo tempo que procura revitalizar a produção petrolífera através de novos blocos e maior atratividade para investidores internacionais.