Produção de rubis em Moçambique pode chegar a quatro milhões de quilates em 2026

O Governo de Moçambique prevê atingir uma produção de cerca de quatro milhões de quilates de rubis em 2026, o que representa um crescimento de 3% face aos três milhões de quilates estimados para este ano e aos 3.946.506 quilates registados em 2024. A projecção consta de um documento do Ministério das Finanças, que associa…
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A retoma de uma grande produtora e a recuperação dos leilões internacionais serão decisivos para reanimar o sector dos rubis. Sabotagem em Montepuez e quebras de receita marcam um ano de desafios, mas o Governo mantém a confiança na expansão do sector.
Economia

O Governo de Moçambique prevê atingir uma produção de cerca de quatro milhões de quilates de rubis em 2026, o que representa um crescimento de 3% face aos três milhões de quilates estimados para este ano e aos 3.946.506 quilates registados em 2024.

A projecção consta de um documento do Ministério das Finanças, que associa este desempenho à esperada retoma das operações de uma das principais empresas activas no sector.

Segundo o Governo, a interrupção das actividades da terceira maior produtora de rubis do país condicionou a evolução do sector em 2025, sendo a sua reactivação um factor determinante para o aumento previsto.

Actualmente, aproximadamente 70% da produção nacional destina-se à exportação, proporção que o Executivo pretende elevar para 79% até 2029, reforçando o peso do país na cadeia internacional de pedras preciosas.

Contudo, os indicadores de curto prazo revelam pressões significativas. Dados do Banco de Moçambique, citados pela Lusa, apontam para uma queda de 30% nas receitas de exportação de rubis no primeiro trimestre, em comparação com igual período de 2024, passando de 6,3 milhões para 4,4 milhões de euros. O recuo reflecte perturbações operacionais, atrasos na expansão industrial e desafios persistentes relacionados com a segurança em zonas de exploração.

Um desses factores é a situação em Montepuez, onde a Gemfields — que lidera a joint-venture Montepuez Ruby Mining (MRM) — adiou para o início de 2026 o leilão anual de rubis. A empresa justificou a decisão com o impacto da “sabotagem” diária de centenas de mineiros ilegais na nova unidade de processamento que está a ser construída em Cabo Delgado. Esse cenário agravou o atraso já existente na entrada em funcionamento definitivo da segunda fábrica, afectando a capacidade de oferta e a previsibilidade das vendas internacionais.

Apesar das pressões, o Governo moçambicano mantém a expectativa de recuperação gradual do sector, sustentada pela normalização das operações industriais e pela retoma de leilões, pilares essenciais para reanimar as exportações e assegurar maior estabilidade no mercado de pedras preciosas.

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