“Rapper do Povo”, Azagaia, volta a ser homenageado em Lisboa

O "Rapper do Povo", Azagaia, será homenageado pela segunda vez em Lisboa, nesta Sexta-feira, 28, através de uma celebração da sua arte na Casa Independente. A jornalista Magda Burity, uma das curadoras do evento, revelou à Lusa os detalhes desta homenagem. Segundo Magda Burity, antropóloga e jornalista, "a importância deste evento é perpetuar o legado…
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Lisboa homenageia Azagaia, o "Rapper do Povo", na Casa Independente, esta Sexta-feira. O evento celebra a arte do rapper moçambicano, perpetuando o seu legado e destacando o seu impacto decolonial.
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O “Rapper do Povo”, Azagaia, será homenageado pela segunda vez em Lisboa, nesta Sexta-feira, 28, através de uma celebração da sua arte na Casa Independente. A jornalista Magda Burity, uma das curadoras do evento, revelou à Lusa os detalhes desta homenagem.

Segundo Magda Burity, antropóloga e jornalista, “a importância deste evento é perpetuar o legado de Azagaia e dar a conhecer aos portugueses, e a todos os falantes de português, o trabalho que ele fez do ponto de vista decolonial”.

A jornalista sublinhou que a obra de Azagaia “continua contemporânea, é actual e é Hip Hop”, destacando que foi através deste género musical que o rapper conseguiu mudar mentalidades, tanto em Moçambique como no resto do mundo.

Esta segunda edição do tributo a Azagaia coincide com os 50 anos do 25 de Abril e os 49 anos das independências das antigas colónias portuguesas, o que, segundo Magda Burity, torna o evento ainda mais significativo. O tema do evento será “Azagaia: A palavra como património transversal ao pensamento decolonial”.

Para a jornalista, as mensagens deixadas por Azagaia têm uma forte ligação com a realidade portuguesa, onde os movimentos antirracistas continuam a lutar por maior representatividade de negros na sociedade. O rapper Valete, também curador do evento, destacou a importância de manter vivo o legado de Azagaia, considerando-o “provavelmente uma das figuras políticas e artísticas mais importantes da História de Moçambique e da História de África”.

A equipa por trás desta homenagem é multidisciplinar e inclui nomes importantes da indústria, como a própria Magda Burity, que foi manager do artista, Flávio Almada, músico e ativista, e Inês Valdez, proprietária da Casa Independente e ex-manager do projeto Buraka Som Sistema.

O tributo contará com as atuações de Coca o FSM & Mano António, Huca, Michel William, Indi Mateta, Libra, Matti Jasse, Muleca XIII, Nayr Faquira, Remna, Sam The Kid, Sir Scratch, LBC Soldjah, Schmith, Yeri e Yenin. Este ano, há um destaque especial para a participação de mais mulheres, refletindo o apoio de Azagaia às mulheres no Hip Hop.

No entanto, Magda Burity revelou que este poderá ser o último tributo ao rapper, devido à falta de compreensão da família do artista sobre o conceito do evento e às exigências de que as receitas sejam entregues à família. As receitas do primeiro tributo foram doadas à família de Azagaia, mas este ano, o objetivo é apoiar a Plataforma Makobo, uma ONG moçambicana que ajuda crianças e pessoas desfavorecidas.

Azagaia, cujo nome verdadeiro era Edson da Luz, faleceu a 9 de Março de 2023, vítima de doença, após quase 20 anos dedicados à música rap. Conhecido pela sua crítica à governação, Azagaia tornou-se célebre após as violentas manifestações de 2008, quando lançou o tema “Povo no Poder”, que alertava para a subida de preços de produtos básicos em Moçambique.

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