A rede de telefonia fixa em Angola, em 2024, registou cerca de 80 mil subscrições activas, o que representa uma diminuição de aproximadamente 6 mil subscrições em relação ao período anterior, confirma relatório do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM)
No documento a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso, verifica-se que esta tendência de declínio não é recente, tendo-se iniciado em 2021, ano em que se contabilizavam cerca de 120 mil subscrições.
Desde então, aponta o documento oficial, a taxa de crescimento tem sido consistentemente negativa, reflectindo uma redução acumulada de 33,12% face ao registo mais recente.
“A diminuição da utilização da telefonia fixa deve-se, em grande medida, à convergência tecnológica dos serviços de telecomunicações, em particular à substituição gradual das redes fixas pelas soluções móveis, que oferecem maior flexibilidade e cobertura alargada”, justifica o INACOM.
Adicionalmente, aponta o relatório, o avanço das tecnologias digitais e a crescente adopção de dispositivos móveis têm impulsionado esta transição, tornando os serviços fixos cada vez menos relevantes no contexto actual das comunicações.
Entretanto, a análise dos períodos compreendidos entre os anos de 2023 e 2024 revela a persistência da tendência decrescente nas subscrições da telefonia fixa, alinhando-se com o padrão global de retração já mencionado.
O Instituto Angolano das Comunicações destaca uma ligeira inversão pontual desta tendência durante a transição do primeiro para o segundo trimestre de 2024, período em que se verificou um crescimento modesto, na ordem de 2 mil novas subscrições.
“Este aumento, embora não suficiente para reverter a trajectória descendente observada ao longo dos últimos anos, poderá indicar variações sazonais ou estratégias pontuais de promoção e captação de clientes por parte dos operadores de telecomunicações que operam neste segmento de mercado”, explica-se no documento.
Evolução da quota de subscrição por operador no segmento da telefonia fixa
Neste sentido, observa-se um reposicionamento significativo no mercado ao longo do período de 2020 a 2024, com destaque para o crescimento da MSTelcom, que ampliou a sua participação em cerca de 14%, bem como da TV Cabo, que registou um aumento de aproximadamente 8% no mesmo intervalo temporal.
Esses dados evidenciam um fortalecimento da presença de ambos os operadores no sector, reflectindo possivelmente estratégias comerciais mais eficazes, investimentos em infra-estrutura e inovação nos pacotes de serviços oferecidos.
Em contrapartida, a Angola Telecom, que até 2021 detinha a liderança no segmento com uma quota de aproximadamente 35,40%, sofreu uma acentuada retração do mercado em 2024.
“Essa perda de participação sugere a presença de concorrência crescente e possível perda de competitividade perante as novas dinâmicas do sector. A nível provincial, ao longo do ano de 2024, verificaram-se reduções significativas no número de subscrições de telefonia fixa em várias regiões do país, reflectindo a tendência nacional de retração do serviço”, indica INACOM.
O relatório detalha que este fenómeno é particularmente evidente na província de Luanda, considerada o principal centro urbano e económico do país, que registou uma diminuição acentuada de aproximadamente 6 mil subscrições entre os meses de Janeiro e Dezembro do ano em análise.
Relativamente à taxa de penetração do serviço de telefonia fixa por 100 domicílios no país, indicador obtido pela razão entre o número total de subscrições e o total de domicílios, regista-se uma tendência decrescente ao longo dos últimos anos. Este índice decresceu de 1,53% em 2020 para apenas 0,91% em 2024.
Tal redução não se explica apenas pela queda no número absoluto de subscrições, mas também pelo crescimento acelerado da população, o que tem provocado um aumento significativo no número de domicílios, diluindo assim a proporção de acessos fixos por habitação.
Quanto ao Top 10 provincial em termos de número de subscrições, bem como a correspondente taxa de penetração por província, Luanda mantém a liderança nacional, reflectindo a sua densidade populacional e a concentração de serviços, embora tenha registado uma ligeira redução face ao período anterior.
Em contrapartida, 14 das 18 províncias, representando 77,78% do total — apresentaram crescimentos marginais na taxa de penetração.
Contudo, esses aumentos pontuais revelam-se insuficientes para alterar significativamente o cenário nacional, indicando que a expansão da telefonia fixa continua limitada face à rápida transformação tecnológica e à preferência crescente pelos serviços móveis