Regulador aprova OPV do BFA e abre caminho à maior operação em bolsa do país

A Comissão do Mercado de Capitais (CMC) aprovou, a 15 de Agosto, o registo da Oferta Pública de Venda (OPV) de acções do Banco de Fomento Angola (BFA) e o respectivo prospecto. A operação envolve a colocação de 4.462.500 acções ordinárias, nominativas e escriturais, equivalentes a 29,75% do capital social, com valor nominal unitário de…
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Governo angolano lança a maior operação de privatização em bolsa de sempre, com a venda de 30% do Banco de Fomento Angola. Mais do que um marco financeiro, a oferta será um teste crucial à confiança dos investidores e à capacidade do mercado de capitais se afirmar como pilar de financiamento da economia.
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A Comissão do Mercado de Capitais (CMC) aprovou, a 15 de Agosto, o registo da Oferta Pública de Venda (OPV) de acções do Banco de Fomento Angola (BFA) e o respectivo prospecto.

A operação envolve a colocação de 4.462.500 acções ordinárias, nominativas e escriturais, equivalentes a 29,75% do capital social, com valor nominal unitário de 6 mil kwanzas. Em paralelo, prevê-se a admissão à negociação de 15 milhões de acções, representativas da totalidade do capital social do BFA, no mercado da Bodiva – Bolsa de Dívida e Valores de Angola.

Nos termos do artigo 164.º do Código dos Valores Mobiliários, a CMC sublinhou que o registo é de natureza legal, não constituindo garantia quanto à situação financeira do emitente ou à viabilidade da operação.

Segundo o presidente do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), Álvaro Fernão, esta é a maior operação alguma vez realizada em bolsa em Angola, um marco no Programa de Privatizações (PROPRIV 2023-2026). A expectativa do Executivo é de forte adesão tanto de investidores institucionais como de particulares, sendo os resultados financeiros conhecidos no final de Setembro.

A oferta resulta da alienação de 15% da Unitel e da possibilidade de o Banco Português de Investimento (BPI) exercer o mecanismo de tag along, vendendo entre 14,5% e 15% do seu capital no banco.

Um teste ao mercado e ao sistema bancário

Mas do que privatização, a entrada de 30% do BFA em bolsa será um verdadeiro termómetro da maturidade do mercado de capitais angolano. Para a Bodiva, representa a oportunidade de consolidar-se como centro de financiamento da economia real, abrindo espaço a futuras listagens de grandes empresas públicas e privadas.

No sistema bancário, o impacto poderá ser igualmente relevante: a dispersão accionista do BFA tende a aumentar a transparência e a disciplina de mercado, potenciando melhores práticas de governação corporativa. Além disso, a liquidez acrescida e a visibilidade internacional do banco poderão estimular maior concorrência no sector, pressionando os restantes players a elevar padrões de eficiência e inovação.

Para investidores estrangeiros, na visão de um economista ouvido pela FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o sucesso desta operação funcionará como sinal de confiança no ambiente regulatório e económico angolano, podendo desbloquear novas ondas de capital externo. “Caso a adesão supere as expectativas, Angola poderá reforçar o estatuto de mercado emergente atrativo, alargando a base de investidores e acelerando a diversificação da economia para além do petróleo”, referiu o especialista.

Mais do que uma simples venda de acções, esta operação posiciona-se como um marco na história financeira de Angola, um teste decisivo à credibilidade do país perante o capital internacional.

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