Remessas de angolanos em Portugal aumentam 10,5% em 2020

Portugal apresenta-se como o principal país de origem e de destino de remessas de angolanos e o saldo dessas transacções tem historicamente sido negativo para Angola, que continua a enviar para terras lusas muito mais recursos financeiros do que recebe. De acordo com o mais recente relatório do Banco Nacional de Angola (BNA), as remessas…
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Apesar do aumento verificado nas remessas recebidas de Portugal no 4º trimestre de 2020, no geral, as transacções entre os dois países registaram um saldo negativo para Angola de 111,7 milhões USD.
Economia

Portugal apresenta-se como o principal país de origem e de destino de remessas de angolanos e o saldo dessas transacções tem historicamente sido negativo para Angola, que continua a enviar para terras lusas muito mais recursos financeiros do que recebe.

De acordo com o mais recente relatório do Banco Nacional de Angola (BNA), as remessas e outras transferências pessoais recebidas de Portugal para o país registaram um aumento de 10,5%, de 380 mil dólares para 420 mil dólares, no quarto trimestre de 2020. O inverso, as remessas enviadas de Angola para Portugal registaram um decréscimo na ordem dos 7,7%, ao se fixarem nos 112,2 milhões de dólares no quarto trimestre, contra os 121,5 milhões de dólares alcançados no mesmo período.

Cálculos feitos, apesar do aumento verificado nas remessas recebidas de Portugal no quarto trimestre do ano passado, as transacções registaram um saldo negativo para o lado angolano de cerca de 111,74 milhões de dólares.

Em termos globais, as remessas recebidas do resto do mundo cifraram-se em 3,3 milhões de dólares, contra 1,9 milhões de dólares registados no trimestre anterior e 1,1 milhões de dólares no período homólogo de 2019, representando um acréscimo de 75,7% e 211,2%, respectivamente.

Por sua vez, as remessas e outras transferências enviadas no exterior atingiram 145,7 milhões de dólares, representando uma diminuição de 5,1%, quando comparadas com o trimestre anterior, em que as mesmas se fixaram nos 153,4 milhões de dólares, um acréscimo de 159%.

Quanto aos países de origem das remessas que entram para Angola, Portugal mantém-se na liderança com um peso de 12,9%, seguido dos EUA (9,8%) e da Grã-Bretanha (9,3%). Segundo o documento do BNA, a posição de Portugal justifica-se pelo facto de o país luso se constituir ainda num dos principais destinos dos angolanos que tomam a decisão de emigrar. Supõe-se que os angolanos na diáspora [portuguesa] enviam dinheiro ao país de origem para cumprirem com certas obrigações económicas e financeiras, suas ou de familiares.

Apesar de as remessas se constituírem numa das principais fontes externas de apoio a redução da pobreza e de investimento nos países em desenvolvimento, as quantias recebidas do resto do mundo no período em análise permaneceram ínfimas, presumivelmente, destinadas a cobertura de necessidades pontuais de consumo, significando que as receitas que entram no país, por esta via, não têm tido grande impacto na actividade económica.

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