O envio de remessas dos moçambicanos para o país de origem registou um crescimento exponencial nos últimos anos, revelando-se não apenas um pilar de sustento para milhares de famílias, mas também um motor estratégico para o sistema financeiro.
De acordo com o relatório que enquadra a Estratégia Nacional de Inclusão Financeira até 2031, o volume anual de remessas disparou quase seis vezes entre 2016 e 2022, saltando de 80,5 milhões para 469 milhões de euros.
As autoridades financeiras destacam que este fluxo é sustentado por uma rede diversificada de canais e atores – desde operadores de transferências rápidas até instituições bancárias e plataformas digitais – que desempenham um papel crucial no alargamento do acesso da população a serviços financeiros formais.
“As remessas são uma componente vital no cenário dos serviços financeiros em Moçambique”, assinala o documento, citado pela Lusa, sublinhando a sua relevância no combate à exclusão financeira.
O crescimento acompanha a realidade de um país cuja mão-de-obra continua a ter forte presença em nações vizinhas, em particular na África do Sul. Esse movimento migratório alimenta a regularidade e o volume dos fluxos, permitindo que as remessas se tornem um dos canais mais consistentes de entrada de divisas.
Os números confirmam a tendência. Em 2019, cerca de 32% dos adultos em Moçambique enviaram ou receberam dinheiro através de remessas, um salto de 9 pontos percentuais em relação a 2014. O dado reforça não apenas a relevância macroeconómica, mas também o impacto social directo destas transferências, que chegam a regiões onde o sistema bancário tradicional ainda não tem grande capilaridade.
À medida que Moçambique procura consolidar um sistema financeiro mais inclusivo, resiliente e adaptado às necessidades da sua população, as remessas emergem como instrumento-chave. Mais do que fluxos monetários, representam uma ponte entre a diáspora e a economia nacional, e um dos caminhos mais tangíveis para acelerar a formalização financeira, fomentar a poupança e estimular o investimento de base comunitária.