Quando há quase três anos a ideia de juntar seis lusofonias num só espaço ganhou forma, houve sempre uma nuvem a inquietar-me: porque é que nunca ninguém o fez antes? Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe, para além de uma língua comum, são um potencial económico de mais de 70 milhões de consumidores. Podemos continuar a falar de números, até porque para 2024 as previsões são animadoras, um crescimento na ordem dos 3,9% para a África Subsariana, segundo o Banco Mundial.
Mas o grande potencial, para quem não o vê, está na massa criativa de uma geração que concretiza em contexto de adversidade. É essa preparação, esse estágio humano de resiliência, desde o minuto em que nascemos sob o karma de um continente subdesenvolvido, que o resto do mundo não tem. E percepciona, mal, que o facto de haver grandes níveis de pobreza, nos impede de pensar, criar e, sobretudo, fazer.
Lutamos contra esse estigma. Esse e tantos outros, como o facto de generalizarem no seu pensamento (e na sua própria ignorância) de que África é um país, exótico, com elefantes e colares coloridos, danças tribais e safaris. Na obra ‘Africa is not a country’ que recomendo a uns e outros, o nigeriano Dipo Faloyin descontrói, mas as “narrativas” (termo que virou moda e que não corroboro) são isso mesmo, narrativas. Não há outra forma de fazer, senão fazendo. E é esse caminho que temos percorrido, percebendo, aqui e acolá, o quão difícil é, manter de pé um projecto como a Forbes, com exigências internacionais e com o mesmo nível de qualidade, não aceitamos fazer por menos.
Por isso, quando o secretário de Estado norte americano, Antony Blinken, no seu périplo pelas Áfricas, tendo escolhido dois dos nossos PALOP, diz, alto e em bom som: “Já não perguntamos o que é que podemos fazer por África. Agora é mais: O que é que podemos fazer com África?”. A frase enche-nos de orgulho. Ainda que conscientes que a “narrativa” tenha muito a ver com a ameaça/olhar da China e da Rússia sobre nós. Longe de estarmos em ponto de rebuçado, como gostaríamos, este é um grande, vamos lá ver se sentido, avanço. E orgulho, também, redobrado na nossa primeira lista dos TOP CEOs. São 50 nomes que resultam de uma análise cuidadosa, clusters nacionais de cada uma das seis lusofonias. E 2024 será o ano em que vos traremos mais listas, mais nomes, mais pessoas que estão a fazer a diferença no continente. E voltando ao início, não foi fácil aqui chegar. Mas acreditem, é tão divertido fazer o impossível. Walt Disney dix it.