Empresários e investidores do sector imobiliários discutiram esta sexta-feira, em Luanda, soluções para viabilizar o acesso ao crédito à habitação, no primeiro Fórum Banca e Imobiliário, realizado pela Linear Comunicação.
O representante da Associação dos Profissionais do Imobiliário de Angola, Cleber Corrêa defendeu um ordenamento de toda a actividade imobiliária, apelando aos promotores a adoptarem boas práticas, na medida em que o cidadão não pode comprar um imóvel que não tenha um direito de superfície.
“As formas de acesso para grande parte da população são terrenos infraestruturados e juros ao alcance das pessoas, porque nós podemos ter o crescimento da agricultura, da indústria, da pecuária, do turismo, mas as pessoas que vão fazer tudo precisam morar”, clarificou
Os empresários alegam “que a burocracia do banco tem a ver com os documentos que se repetem. Por exemplo, uma certidão da conservatória do registo predial substitui a apresentação de escritura de direito de superfície”.
Falando sobre a avaliação imobiliária como instrumento chave na concessão do crédito à habitação, o CEO da SUUT Real Estate Consultants, inscrito na Comissão do Mercado de Capitais, Ricardo Carreira, revelou que, nos últimos três anos a sua instituição avaliou mais de 2 mil milhões de USD em activos imobiliários e participou em negócios de mediação imobiliários superior a 50 milhões de USD.
A observação de Ricardo Carreira, aponta que, hoje, a avaliação imobiliária em Angola está muito mais profissionalizada do que os últimos 10 anos, principalmente com o aparecimento da Comissão do Mercado de Capitais, finalmente veio acreditar, certificar e supervisionar os peritos.
O Banco Nacional de Angola não enviou nenhum representante no primeiro Fórum Banca e Imobiliário para tirar todas as dúvidas dos empresários e investidores em relação às características do Aviso 9/22 e às regras para concessão do crédito à habitação, mas a organização do encontro ‘solicitou’ ao representante da Associação dos Profissionais Imobiliário de Angola para abordar o referido assunto, já que domina as principais particularidades do decreto.
Entretanto, para Cleber Corrêa, o instrutivo serve para fomentar o desenvolvimento na construção civil, por ser um financiamento para imovíeis construídos desde 2013 pra cá, para acabar o stock de eventuais imóveis novos que existiam.
Na sua óptica, o BNA quer que as construtoras desempenhem as suas funções, contratando pessoas, comprando material de construção, a fim de criar mais emprego, mas, por outro lado, entende que os activos dos bancos não podem ser vendidos pelo Aviso 9/22.
Garantias no crédito à habitação avançadas pelo BNA
A FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso a um comunicado de esclarecimento sobre as garantias do crédito à habitação, publicado recentemente pelo Banco Nacional de Angola, em que espelha que os bancos comerciais são requeridos a fazer uma avaliação rigorosa da capacidade individual de crédito dos seus clientes, considerando a situação profissional, rendimentos, idade, entre outros factores.
Essa avaliação, sublinha a nota, determina as garantias que o banco considera necessárias para assegurar o reembolso integral do crédito, caso o cliente (mutuário) deixe de pagar as prestações nos montantes e prazos acordados contratualmente.
“Por se tratar de um produto financeiro que, via de regra, é de longa duração, as garantias exigidas num crédito à habitação são de maior consistência, sendo as mais comuns a hipoteca, o seguro de vida e a livrança avalizada/fiança”, destaca BNA.