As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Moçambique voltaram a dar sinais de robustez, atingindo 3.357 milhões de euros em Junho – o valor mais elevado em mais de quatro anos. O desempenho consolida uma recuperação iniciada após o mínimo de 3.078 milhões registado em Fevereiro e posiciona o país com uma almofada financeira capaz de assegurar mais de três meses das necessidades de importação, patamar considerado crítico pelos mercados.
Num contexto de economias emergentes, o reforço das reservas internacionais desempenha papel estratégico. Para investidores estrangeiros e agências de rating, traduz-se em maior capacidade do Estado de honrar compromissos externos, reduzir pressões sobre a balança de pagamentos e mitigar riscos de volatilidade cambial.
Segundo o Banco de Moçambique, a evolução recente reflecte quatro meses consecutivos de crescimento: 1% em Março, 4,3% em Abril, 1,5% em Maio e 2,5% em Junho. Este padrão de consistência transmite confiança e contribui para melhorar a previsibilidade do metical, num momento em que as empresas enfrentam desafios ligados ao custo das importações e ao fluxo de divisas.
O governador do banco central moçambicano, Rogério Zandamela, reforçou em Julho que estão a ser adoptadas medidas para aumentar a “fluidez” no mercado cambial, redistribuindo de forma mais eficiente o volume de divisas disponíveis. A meta, dupla, passa, por um lado, em garantir estabilidade monetária e, por outro, proporcionar maior confiança aos agentes económicos, factores determinantes para atrair capital de médio e longo prazo.
Com reservas sólidas, Moçambique ganha margem para negociar com credores internacionais, dar maior conforto às instituições multilaterais e preservar a credibilidade junto de investidores privados. Ao mesmo tempo, a evolução positiva pode pesar favoravelmente nas próximas revisões de rating soberano, ao reduzir riscos associados à dívida externa e ao défice de conta corrente.
Mais do que números, o novo máximo das reservas internacionais traduz uma narrativa de recuperação e estabilidade num ano em que os olhos dos investidores continuam atentos à evolução do sector energético, à execução de megaprojectos e à disciplina macroeconómica do país.
