Um contrato de leasing entre a transportadora aérea angolana TAAG e a homóloga cabo-verdiana TACV vai permitir a cedência por Angola de um Boeing 737-700 à Cabo Verde, como parte de estratégia que o Governo do Presidente João Lourenço quer ver replicada noutras geografias africanas.
O anúncio da operação foi feito pelo ministro dos Transportes de Angola, Ricardo de Abreu, que antecipa mesmo que o cenário será replicado noutros países.
“É um primeiro passo que estamos a dar com a TACV, não excluímos a integração de outros países, mesmo no contexto regional ou até no contexto dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mas começa aqui uma nova etapa da nossa relação bilateral e com outro nível de efectividade”, disse o ministro angolano, no termo da reunião da VIII Comissão Mista Cabo Verde – Angola.
Presidida pelos chefes da Diplomacia dos dois países, a reunião realizou-se no quadro do reforço das relações de amizade e de cooperação entre Cabo Verde e Angola. Aliás, o Chefe de Estado angolano está, desde ontem, 13, de a visita ao arquipélago para o reforço da cooperação entre os Estados.
De acordo com a estratégia, a TAAG vai ceder, em regime de leasing, um dos seus Boeing 737-700 de “nova geração” para permitir à TACV retomar as suas rotas, com as duas companhias a implementarem o que o ministro angolano designou por “casamento” e que prevê envolver também a exploração dos hubs aéreos do Sal (Cabo Verde) e de Luanda (Angola).
“Temos aí, do ponto de vista da efectividade, a materialização desse nosso compromisso, a partir do qual outros desafios poderão ser concretizados e também desenvolvidas outras oportunidades na materialização deste casamento entre a TACV e a TAAG”, sublinhou.
Segundo a transportadora Aérea Angolana, a companhia opera vários Boeing 737 com capacidade para 120 passageiros, essencialmente nas rotas domésticas, que está a substituir por seis Dash 8-400 turbo hélice.
Ricardo de Abreu garante que, além deste entendimento entre as duas companhias aéreas estatais, serão ainda fechados acordos, na área dos transportes, de serviços aéreos “actualizados”, sobre o mercado único em África, o primeiro que Angola assina “nestes termos”, e um memorando de entendimento entre os dois Ministérios, para troca de experiências e formação, bem como um outro entre as autoridades de aviação civil dos dois países.
Aos jornalistas, Ricardo de Abreu não adiantou prazos para a retoma de voos directos entre Angola e Cabo Verde, interrompidos desde o início da pandemia da Covid-19, em Março de 2020. “Mais importante que os voos directos é termos as companhias aéreas com capacidade para responderem àquilo que forem as necessidade comerciais”, considerou.
De resto, em 26 de Janeiro último, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, avançou no parlamento local que a parceria em negociação com Angola e companhia angolana TAAG deverá envolver aeronaves Boeing 737, para melhorar a performance da companhia cabo-verdiana TACV.
O chefe do Governo cabo-verdiano havia informado, na altura, que a retoma da operação da TACV em Dezembro, após 21 meses sem voos devido à pandemia da Covid-19, foi feita com um Boeing 757 em regime de leasing.
“Tem de facto problemas de performance”, admitiu Ulisses Correia e Silva, quando questionado pelos deputados da oposição, justificando o recurso àquela aeronave, que está a garantir ligações semanais entre a Praia e Lisboa, por ter sido a mesma que já operou em 2016 e para a qual já havia licenciamento para operação.
*Com Lusa