Thiam regressa à Costa do Marfim e…à política?

Um regresso aguardado o de Tidjane Thiam à Costa do Marfim, o país que deixou há 20 anos, após golpe militar, tendo seguido carreira em finanças no exterior. O ex-banqueiro do Credit Suisse foi recebido, juntamente com os seus dois irmãos – Augustin e Aziz, governador de Yamoussoukro e ministro dos transportes respectivamente -, pelo…
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Duas décadas após o ex-banqueiro do Credit Suisse ter deixado o seu país, fica no ar uma possível candidatura às presidenciais em 2025.
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Um regresso aguardado o de Tidjane Thiam à Costa do Marfim, o país que deixou há 20 anos, após golpe militar, tendo seguido carreira em finanças no exterior.

O ex-banqueiro do Credit Suisse foi recebido, juntamente com os seus dois irmãos – Augustin e Aziz, governador de Yamoussoukro e ministro dos transportes respectivamente -, pelo actual presidente Alassane Ouattara, na sua casa, no elegante bairro de Cocody Riviera e durante uma hora. Uma visita cordial da qual pouco se sabe oficialmente, mas reveladora de uma aproximação de Thiam ao seu país natal e recuperando uma especulação de 2020 que se tornou viral no Facebook “One million signatures for Tidjane Thiam 2020”.

Na altura, o então CEO do Credit Suisse, terminou com os rumores numa declaração insólita, referindo que a sua missão no banco ainda não tinha terminado. No entanto, em Dezembro passado, a sua resposta foi outra, quando questionado directamente sobre uma possível candidatura: “Perguntem-me novamente em 2025”.

Porém, a decisão, se se candidata ou não, terá de ser tomada em breve. É que a Constituição da Costa do Marfim determina que os candidatos presidenciais não podem ter dupla nacionalidade.  Thiam teria de renunciar à sua francesa.

Nas suas redes sociais, Thiam partilhou alguns momentos que designou de “calorosos” na sua terra natal, desde o encontro com o actual presidente ao convívio com amigos e familiares.

Sobrinho-neto do primeiro presidente da Costa do Marfim e filho de político marfinense que serviu no governo do presidente Henri Konan Bédié entre 1993 e 1999, Tidjane Thiam, 60 anos, iniciou carreira na McKinsey e Aviva e foi CEO da Prudential em 2009, tornando-se o primeiro negro de uma empresa FTSE 100.

Segue-se o convite para CEO do Credit Suisse que assumiu até 2020, tendo renunciado face a um escândalo de espionagem corporativa.  Em Fevereiro desse mesmo ano é nomeado para o conselho de administração de Publicis, o terceiro maior grupo de publicidade e media do mundo, e passa também pela Administração do  grupo francês de moda e acessórios Kering.

Em Novembro de 2020, tornou-se presidente do conselho de administração da Rwanda Finance, empresa responsável pelo desenvolvimento e promoção do Kigali International Financial Center (KIFC).Também atua em organizações não governamentais (ONGs) e instituições multinacionais como o Fórum Económico Mundial o Comité Olímpico Internacional e a União Africana.

Recorde-se ainda que a Costa do Marfim é uma ex-colónia francesa com 26 milhões de habitantes e a sua economia assenta em bens primários, nomeadamente o cacau.  Reconhecida internacionalmente pelo seu futebol, tem no francês a sua língua oficial e nos elefantes um símbolo nacional. Com um regime presidencialista, o actual número um já vai no seu terceiro mandato, quando a Constituição só prevê dois consecutivos. A extensão foi polémica e aconteceu após a morte súbita do candidato do partido do poder, afirmando o então Presidente que se recandidatava por “ amor à pátria”.

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