As autoridades africanas já recorreram a mais de mil milhões de euros disponibilizados pela União Europeia (UE) para reforçar capacidades no combate ao terrorismo, ao crime organizado e à desinformação. O dado foi avançado nesta Terça-feira, 25, em Luanda, pelo Presidente do Conselho Europeu, António Costa, durante o encerramento da 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia.
Segundo António Costa, a cooperação entre os dois blocos assenta num duplo pilar estratégico: segurança e desenvolvimento. A UE permanece o principal parceiro comercial de África, absorvendo 33% das transacções externas do continente, e as empresas europeias continuam a liderar o investimento directo estrangeiro na região.
O líder europeu reconheceu, contudo, que o potencial da parceria está longe de ser plenamente explorado. “Podemos e devemos fazer bastante mais”, afirmou, defendendo uma abordagem séria ao tema da dívida externa africana, que continua a limitar a capacidade de investimento e o crescimento económico de vários países.
Recordando os compromissos assumidos em Sevilha, Costa reforçou a necessidade de acelerar investimentos estruturantes em infra-estruturas, energia renovável, conectividade digital, produção de vacinas “em África e para África”, bem como no reforço das capacidades de segurança sanitária. Estes eixos, observou, são essenciais para fortalecer a resiliência africana e assegurar um desenvolvimento sustentável de longo prazo.

A iniciativa Global Gateway, com um envelope superior a 250 mil milhões de euros, figura neste contexto como instrumento-chave para financiar cadeias de valor sustentáveis na agricultura, nos materiais críticos e em sectores estratégicos para a dupla transição energética e digital. Mas António Costa salientou que o elemento mais determinante não são os recursos naturais – são as pessoas.
O Presidente do Conselho Europeu enfatizou que a juventude africana constitui o maior activo do continente, sobretudo perante a projecção de que cerca de 80 milhões de jovens entrarão no mercado de trabalho até 2050. Para que estas novas gerações contribuam efectivamente para a criação de riqueza, defendeu investimento robusto na educação, no empreendedorismo, no desenvolvimento de competências e na mobilização da criatividade.
A seu ver, o desenvolvimento de cadeias de valor em África deve seguir uma lógica de parceria que permita fixar no continente o valor acrescentado e os empregos, contribuindo para reduzir desigualdades e promover um crescimento inclusivo.
António Costa considerou ainda que a mobilidade laboral e académica entre África e Europa poderá desempenhar um papel essencial, desde que orientada para o interesse comum e integrada numa visão de longo prazo. “É nesta lógica de parceria que queremos trabalhar com a União Africana e com os países africanos”, concluiu.





