A crise política na Guiné-Bissau deu um novo passo com a alegada saída de Umaro Sissoco Embaló do país, poucas horas após a tomada de posse do General Horta Intan-a como Presidente da República em regime de transição.
Fontes locais confirmam que Embaló terá provavelmente partido para Abidjan com alegado apoio das autoridades francesas, num cenário marcado por forte presença militar em Bissau, pela reabertura do espaço aéreo e pela normalização gradual de alguns serviços públicos. A decisão de reabrir o espaço aéreo, foi assinada esta Quinta-feira, 27 de Novembro, pelo Presidente do Conselho de Administração da Autoridade da Aviação Civil, Caramo Camara.
O novo Chefe de Estado, investido num acto presenciado por três oficiais superiores das Forças Armadas, anunciou que o mandato transitório terá a duração de um ano, período em que pretende “garantir a estabilidade do país”.
No discurso de investidura, Horta Horta Intan-a reconheceu que o processo que o levou ao cargo “não foi fácil”, mas justificou a decisão com a necessidade de restaurar ordem e funcionamento institucional. O novo Presidente apontou ainda para a crescente pressão de redes ligadas ao narcotráfico, que procurariam “imiscui-se na vida social e política” do país, lançando críticas a actores políticos que, segundo afirma, permitiram o alastramento dessas influências.
A transição abre agora um período de incerteza com potenciais reflexos na competitividade económica do país. A instabilidade poderá afectar cadeias logísticas, operações portuárias e os fluxos de exportação de castanha de caju – que representam mais de 80% das receitas externas –, além de atrasar projectos de downstream na fileira energética, que dependem de previsibilidade regulatória e confiança dos investidores.
A posição estratégica da Guiné-Bissau na costa atlântica, num corredor de crescente competição entre países da África Ocidental, torna a estabilização rápida um elemento-chave para evitar perda de terreno face a vizinhos que têm conseguido atrair maior investimento privado para infra-estruturas e logística regional.





