O director da Divisão de Ciências Ecológicas e da Terra da UNESCO salientou recentemente a “dinâmica muito interessante” e o “crescimento significativo” das reservas da biosfera nos países lusófonos, destacando o trabalho da rede criada no âmbito da CPLP.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com sede em Paris, anunciou que acrescentou 26 novos locais em 21 países à sua rede mundial da biosfera, nomeadamente em quatro países lusófonos: Angola (Quiçama), Guiné Equatorial (Ilha de Bioko), Portugal (Arrábida) e São Tomé e Príncipe (Ilha de São Tomé).
“Nos últimos anos, nos países de língua oficial portuguesa, tem havido uma dinâmica muito interessante e um crescimento significativo das reservas, de tal forma que constitui em termos de população um quarto da rede mundial”, disse António Abreu.
Isto levou “à constituição formal de uma rede de reservas da biosfera dos países da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa]”, que funcionam como “laboratórios vivos de experimentação, de testes ou soluções inovadoras, de promoção do diálogo (…) em torno da conservação da natureza e do desenvolvimento”, promovendo o conhecimento científico, tradicional ou até indígena, afirmou o responsável.
O trabalho de cooperação já rendeu sete reservas da biosfera ao Brasil, incluindo a maior do mundo na Mata Atlântica, 14 para Portugal, duas para Cabo Verde, uma para Moçambique e uma para a Guiné-Bissau, a primeira agora para Angola e a Guiné Equatorial, e São Tomé e Príncipe passa a ter todo o seu território classificado.
“Este ano temos um recorde de candidaturas, recebemos 34 candidaturas, incluindo candidaturas de cinco novos países que ainda não tinham reservas da biosfera”, disse António Abreu, referindo que “os países têm dado um maior reconhecimento à importância das reservas da biosfera”.
Para o também secretário do programa O Homem e a Biosfera (MAB) da UNESCO, isto deve-se “à perda de biodiversidade, às alterações climáticas e à degradação ambiental, o que constitui aquilo que hoje é a tripla crise planetária”.
“As reservas da biosfera assumem-se como laboratórios vivos de sustentabilidade que promovem três funções – estatutariamente são obrigadas a cumpri-las – que são a conservação, o apoio logístico, onde se põe a educação, sensibilização, pesquisa científica e conhecimento, mas também o desenvolvimento socioeconómico”, salientou, citado pela Lusa.