Unicef alerta para a “explosão de óbitos” de crianças que a má nutrição pode causar em África

Os países do corno de África, no extremo Nordeste do continente, enfrentam um risco de mortes de crianças em estado grave de má nutrição e outras doenças, segundo o Fundo das nações Unidas para a Infância (Unicef), que alerta que, se nada for feito, “haverá uma explosão em casos de óbito de menores”. Segundo a…
ebenhack/AP
Num mês em que se celebra a data consagrada à criança africana, o 16 de Junho, o Fundo da ONU diz que só na Somália 386 mil crianças precisam desesperadamente de tratamento da má nutrição aguda.
Economia

Os países do corno de África, no extremo Nordeste do continente, enfrentam um risco de mortes de crianças em estado grave de má nutrição e outras doenças, segundo o Fundo das nações Unidas para a Infância (Unicef), que alerta que, se nada for feito, “haverá uma explosão em casos de óbito de menores”.

Segundo a vice-diretora regional do Unicef no Leste e Sul de África, Rania Dagash, só na Etiópia, Quênia e Somália, mais de 1,7 milhões de crianças precisam de tratamento para má nutrição aguda com urgência.

Num comunicado publicado há dias no seu website, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) avança que na Somália, desde 2011 até o presente ano, o número de crianças que não se alimentam em condições e que sofrem com a fome subiu de 340 mil, para 386 mil, um aumento de 46 mil menores. Para piorar a situação, enfatiza o Unicef, nos últimos cinco meses, a taxa de má nutrição aumentou 15%, uma realidade que retrata o cenário preocupante que estas populações estão a enfrentar.

A falta de chuvas – que provoca a morte das plantações e o esgotamento dos recursos pelos rebanhos, o número elevado de casas sem acesso à água potável – que entre Fevereiro e Maio deste ano dobrou de 5,6 milhões para 10,6 milhões e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia aumentaram os riscos de morte para as crianças nos países do corno de África, de acordo com Rania Dagash.

A responsável regional do Unicef no Leste e Sul da África mostrou-se igualmente preocupadas com o número de crianças que morrem com complicações nos centros hospitalares nestes países africanos.

Sem avançar números, Rania afirmou que, só neste ano, o número de crianças que morreram de desnutrição aguda grave, devido a complicações enquanto estavam em centros médicos, triplicou, se comparado ao ano anterior.

De Janeiro a Março deste ano, o número de crianças severamente malnutridas que foi parar ao hospital registou um aumento significante, com o Quénia a registar uma subida de 71%, a Somália 48% e a Etiopia 28%, dados que constituem uma grande preocupação para o Unicef, lê-se no comunicado da organização.

Para a implementação de projectos que permitam combater estes fenómenos e ajudar as crianças dos países do corno de África, o Unicef solicitou um financiamento de mais de 12 milhões de dólares, mas recebeu apenas um terço do valor, situação que impossibilita a realização eficaz dos seus planos.

Entretanto, o órgão da ONU que trata dos assuntos das crianças no mundo, deposita a sua esperança no G7, grupo das sete maiores economias do mundo. A reunião da cúpula está agendada para este mês e, embora a guerra na Ucrânia seja o tema principal do encontro, Rania Dagash apela à ‘cúpula’ “para não esquecer as outras crises que também provocam perdas de vidas humanas”.

Jaime Pedro

Mais Artigos