Xiaomi entra nos automóveis

A Xiaomi deixou de ser formalmente uma “mera” empresa de tecnologia e dispositivos electrónicos para passar também a ser um construtor automóvel. O seu primeiro automóvel é o Xiaomi SU7, o qual se posiciona como um “sedan ecológico de alto desempenho de tamanho normal”, segundo as palavras da empresa que destinou cerca de 1,3 mil…
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Os automóveis eléctricos são a mais recente adição ao portefólio tecnológico da Xiaomi. E o SU7 é muito mais do que um gadget. É um veículo que promete dar cartas.
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A Xiaomi deixou de ser formalmente uma “mera” empresa de tecnologia e dispositivos electrónicos para passar também a ser um construtor automóvel. O seu primeiro automóvel é o Xiaomi SU7, o qual se posiciona como um “sedan ecológico de alto desempenho de tamanho normal”, segundo as palavras da empresa que destinou cerca de 1,3 mil milhões de euros para a fase inicial de investigação e desenvolvimento do projecto.

O fundador, presidente e CEO da Xiaomi Corporation, Lei Jun, afirma que a entrada da Xiaomi na indústria automóvel representa um salto significativo em relação à indústria dos smartphones e um passo crucial para fechar o ciclo do ecossistema inteligente “Human x Car x Home”.

Lei Jun expressa ainda que “a indústria automóvel centenária” oferece pouca margem de manobra actualmente: “A Xiaomi decidiu investir dez vezes mais, começando pelo desenvolvimento de tecnologias fundamentais, comprometendo-se a construir um veículo excepcional. Com 15 a 20 anos de esforço, a Xiaomi pretende tornar-se num dos cinco principais fabricantes de automóveis a nível mundial.”

A Xiaomi reitera que a tendência dos veículos eléctricos inteligentes é a integração da indústria automóvel com a eletrónica de consumo e os ecossistemas inteligentes.

O Xiaomi SU7 integra aplicações, hardware e ecossistemas CarIoT (Car Internet of Things) de terceiros para proporcionar uma experiência de espaço móvel inteligente. O ecossistema Xiaomi CarIoT é aberto a terceiros, apresentando interfaces padronizadas, padrões de protocolo de comunicação extensos e soluções leves de adaptação para dispositivos existentes.

E-Motor

Na conferência de lançamento, a Xiaomi apresentou os seus motores eléctricos desenvolvidos e fabricados de forma independente, recebendo uma designação algo estranha para um eléctrico: HyperEngine V6/V6s e HyperEngine V8s. A tecnológica explica o motivo: “Os motores rivalizam com o desempenho dos grandes grupos motopropulsores V8 e V6 tradicionais da era dos motores de combustão interna, elevando os limites de desempenho da indústria a novos patamares.”

O E-Motor (motor eléctrico HyperEngine) foi desenvolvido pela própria empresa, tendo uma tecnologia de bateria integrada CTB (Cell-To-Body).

O HyperEngine V8 chega às 27 200 rpm, debita uma potência de 425 kW (570 cv) e garante um binário máximo de 635 Nm. “Para permitir o padrão de 27 200 rpm, o HyperEngine V8s emprega a primeira placa de aço silício de ultra-alta resistência da indústria, com uma resistência à tracção de 960 MPa, ostentando uma resistência que ultrapassa em mais de duas vezes as ofertas da indústria convencional”, assegura o fabricante, que indica ainda que o SU7 atinge 265 km/h de velocidade de ponta e acelera dos 0-100 km/h em 2,78 segundos.

O HyperEngine v8s está em desenvolvimento e deverá ser produzido em massa e implementado nos veículos eléctricos da Xiaomi em 2025.

Os motores eléctricos HyperEngine V6/V6s desenvolvidos pela própria Xiaomi apresentam uma velocidade de rotação de 21 000 rpm. O motor Hyper- Engine V6 tem uma potência máxima de 299 cv e um binário máximo de 400 Nm, enquanto o motor HyperEngine V6s atinge uma potência máxima de 374 cv e um binário máximo de 500 Nm.

Bateria e carroçaria

A Xiaomi também desenvolveu a Tecnologia de Bateria Integrada CTB, com uma capacidade máxima da bateria de até 150 kWh e uma autonomia teórica de recarga no CLTC (ciclo de medição chinês – (China Light Duty Vehicle Test Cycle) superior a 1200 km, o que deverá dar no mais realista ciclo europeu WLTP algo como 980 km.

A Xiaomi desenvolveu um sistema de avaliação da qualidade da chapa da carroçaria que pode concluir as inspecções de peças individuais em dois segundos, oferecendo uma eficiência dez vezes superior à inspecção manual. A parte inferior da carroçaria traseira integra 72 componentes num só, reduzindo as juntas soldadas em 840, diminuindo o peso total do automóvel em 17% e reduzindo significativamente as horas de produção em 45%.

Assistência à condução

No domínio da tecnologia de software inteligente, a Xiaomi destaca o modo como fez a integração das indústrias automóvel e de electrónica de consumo, com ecossistemas inteligentes.

Em termos de condução autónoma, o SU7 terá tecnologia inteligente para ler a estrada com um alcance de reconhecimento que se estende de 5 cm a 250 metros e uma granularidade mínima de 5 cm e máxima de 20 cm. Terá igualmente a capacidade de navegar em cruzamentos complexos sem depender de mapas de alta definição, graças à aprendizagem de cenários de cruzamento complexos e hábitos de condução experientes.

Em termos de reconhecimento de obstáculos, “em comparação com as redes tradicionais que interpretam os obstáculos como blocos, o algoritmo vectorial inovador da Xiaomi simula todos os objectos visíveis como superfícies curvas contínuas. Isto melhora a precisão do reconhecimento até 0,1 m. Além disso, a funcionalidade de redução de ruído de um clique desenvolvida pela Xiaomi elimina o impacto da chuva e da neve no reconhecimento, reduzindo significativamente a probabilidade de erros de identificação”.

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