Durante a mesa-redonda da Forbes África Lusófona Annual Summit, com o tema “O Poder do Talento – O Melhor de Nós” , várias profissionais destacaram os desafios enfrentados pelas mulheres nos sectores de engenharia e tecnologia. As participantes pediram políticas inclusivas e flexíveis, maior representatividade feminina, e enfatizaram a importância das mulheres apoiarem outras mulheres no ambiente de trabalho.
Letícia Almeida, técnica sénior do MIREMPET, sublinhou a necessidade de promover a igualdade de género nos sectores técnicos e industriais. Para isso, destacou iniciativas como a capacitação direcionada e a inclusão de mulheres em fóruns de decisão estratégica, alinhando tais medidas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Por sua vez, Tânia Martins, Senior Talent Developer na Divisão de Recursos Humanos da Total Energies, partilhou um exemplo de recrutamento inclusivo: um programa que formou 24 jovens mulheres para ocupar cargos técnicos tradicionalmente dominados por homens. “É essencial formar líderes inclusivos e garantir que todos os colaboradores se sintam valorizados, independentemente da sua origem”, destacou.
Felícia Kilungidi, Supervisora de Engenharia de Reservatórios da Exxon, sublinhou a importância da capacitação técnica e das competências interpessoais nas mulheres para o sucesso nas indústrias. “É essencial manter-se actualizado com as últimas tecnologias da profissão, mas, hoje em dia, as competências interpessoais são igualmente cruciais”, afirmou. Felícia destacou que, além da formação técnica, saber trabalhar em equipa e comunicar de forma eficaz são competências, especialmente em ambientes diversos. “A liderança é sobre saber ouvir e colaborar com os outros, independentemente da origem ou género”, concluiu.
Equilíbrio entre carreira e vida pessoal
Janice Mouzinho, gestora de pessoal da Azule Energy, enfatizou a importância de políticas que conciliem a vida profissional e pessoal. “As empresas devem criar programas de saúde e bem-estar, oferecer horários flexíveis e estender licenças de maternidade. Além disso, é crucial dar suporte às mulheres no regresso ao trabalho, para que se sintam novamente integradas”, sublinhou.
Ivone Simeão Cardoso, Directora de Recursos Humanos da CABGOC, relatou os desafios das mulheres nos sectores rotacionais, como o petrolífero. “Apesar das dificuldades, temos exemplos inspiradores de mulheres que superaram barreiras e hoje ocupam posições de destaque. Mas é fundamental que as empresas criem condições para atrair e reter mulheres, especialmente em áreas técnicas”, afirmou.
Suzana Neto, Coordenadora do Projecto Ubuntu pela ASSEA, destacou o impacto do programa Ubuntu, que promove jovens técnicas. “Dos investimentos oferecidos no ano passado, 70% resultaram na integração dessas mulheres no sector. Para este ano, contamos com 200 vagas remuneradas, reforçando o nosso compromisso de aumentar a representatividade feminina no sector petrolífero”, anunciou.
Susana Neto também fez um apelo para a criação de um banco de competências femininas: “É essencial documentar as nossas competências para que sirvam de referência para as gerações futuras.”
As mulheres reiteraram a importância de criar redes de apoio entre mulheres. “Precisamos abandonar comportamentos que nos sabotam e trabalhar para que as mulheres sejam aliadas, não ameaças”, destacou Susana Neto.