A Azule Energy, companhia de energia integrada e autónoma, canalizou para este ano 18 milhões de dólares para projectos de responsabilidade social, informou à FORBES ÁFRICA LUSÓFONA, o CEO da empresa, Adriano Mongini.
Segundo o responsável, a Azule Energy sente-se na necessidade de desenvolver acções de responsabilidade social e de participar com financiamento na área social, razão pela qual a empresa tem vários projectos neste âmbito, de pequena e grande magnitude.
“Azule Energy tem uma lista enorme de projectos sociais. Actualmente, temos 26 projectos que são implementados em todo o país e a maior parte deles são em parceria com Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), que, muitas vezes, determina em que áreas devem ser implementados os projectos”, disseo responsável.
O maior projecto de responsabilidade social da empresa, indicou, é o de Cirurgia Cardíaca do Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardial Dom Alexandre do Nascimento (CHDCP), em Luanda.
O projecto, explicou, surgiu em 2022, e foi idealizado para um período de três anos, com um orçamento de 22 milhões de dólares para cobrir os três anos projectados. Tem como objectivo capacitar profissionais de saúde em várias áreas, desde médicos, cirurgiões até técnicos de manutenção para dota-los de competências e estarem à altura de fazer funcionar e acontecer as cirurgias cardíacas no hospital Cardeal Dom Alexandre do Nascimento.
“Para prolongar o projecto de cirurgia cardíaca, a empresa já está a reunir para ver se estendemos o período”, avançou Mongini.
No entanto, citou os outros projectos que a Azule Energy tem no âmbito da educação, saúde, desminagem, água potável, luz eléctrica de painéis solares, construção de escolas ou reabilitação de escolas pré-existentes que estão em condições inabitáveis e também projectos sociais de construção e reabilitação de centros médicos e postos de saúde em regiões muito remotas.
Projecto de desminagem inclui mulheres
Por sua vez, José Malanda, director de Saúde da Empresa, acrescentou que o projecto de desminagem inclui uma vertente importante que é a integração de mulheres para participarem do processo, em áreas afectadas pela guerra, que ainda estão inacessíveis.
“Apoio ao projecto “100 Mulheres na Desminagem” da HALO Trust -Benguela, tem o nosso apoio às actividades de desminagem, promovemos o acesso à terrenos seguros e ajudámos a desminar a província de Benguela, mais de 1,4 quilómetros quadrados de área desminada”, disse o director de Saúde.
De acordo com Malanda, estes projectos “têm um impacto muito positivo no país”, pelo número de beneficiários e localidades abrangidas.
“O primeiro impacto é nas pessoas que beneficiam das cirurgias. Nós tínhamos em Angola a possibilidade de fazer aproximadamente sete a oito cirurgias cardíacas por ano e estamos acima de 150 cirurgias por ano, graças ao projecto de cirurgias cardíacas”, enfatizou.
O responsável pela saúde da Azule Energy sustentou que no beneficiário directo, que é o paciente, conseguiram reduzir o envio de pessoas para o exterior através da Junta Nacional de Saúde para beneficiarem de cirurgias cardíacas em Angola e, com isto, uma grande parte das cirurgias que eram feitas no exterior do país, actualmente são feitas internamente.
“Principalmente as cirurgias de válvulas, correcção de válvula e colocação de válvulas cardíacas. As pessoas já não precisam sair do país e elas são feitas aqui. E ainda outra coisa no impacto é, na medida que se vai aprendendo, a qualidade das cirurgias e o pós-cirúrgico desses pacientes é ainda melhor”, sublinhou.
Destacou a formação desses profissionais de saúde como o mais importante, pelo facto de terem formado quadro não só para fazerem algumas cirurgias, mas também para que Angola tenha durante muito tempo esses especialistas a se replicarem.
Nesta formação, segundo avançou têm capacitado médicos cirurgiões, anestesistas, instrumentistas, cardiologistas, técnicos de várias áreas de fisioterapia, de manutenção, gestão hospitalar e outras áreas hospitalares. Entretanto, os mesmos são formados no país e com estágios curtos na Itália, no hospital de Monzino.
“No hospital de Monzino, na Itália, os profissionais, para além do conhecimento, têm as vivências e aproveitam ver como funciona para trazerem para aqui [em Angola] e também para se replicar. Esse impacto é positivo em todas essas vertentes”, assegurou, adicionando que até o momento estão acima de 250 técnicos formados e já passaram de 500 intervenções cirúrgicas feitas, desde pequenas a grandes.
José Malanda fez saber que o projecto de cirurgias cardíacas só é feito ainda no hospital Dom Alexandre do Nascimento, porque a unidade hospitalar tem as condições que inclui recursos humanos, materiais e equipamentos necessários para cirurgias.
Na segunda fase do projecto de responsabilidade social, informou que estão a prever chegar a mais algumas províncias, como Benguela, Huambo e Huíla, porque serem os lugares em que diz terem notado maior número de pacientes. No entanto, farão o rastreio nessas localidades para poder implementar aí o projecto.
“Por enquanto, pensamos apenas em manter as cirurgias cardíacas por dois motivos: primeiro, por ser uma área que precisa dessa intervenção para acontecer. As outras cirurgias elas conseguem acontecer com a intervenção apenas do Estado ou das clínicas privadas, mas essa área precisava desses reforços de dinheiro, energias e de conhecimento. O segundo motivo é porque faz parte das prioridades do próprio Governo que, através do Ministério da Saúde, apresentou esta como uma das suas necessidades para nós financiarmos”, justificou.
De acordo com Malanda, todos os projectos são implementados na mesma fase e em todos os anos há sempre um grupo de projectos que são aprovados e colocados em execução. O último destes projectos a ser aprovado é o de apoio à desminagem.
O CEO da Azule energy, Adriano Mongini, revelou que a empresa tem um objectivo chamado “Net zero”, que pretende atingir até 2030 uma definição de duas fases que serão alcançadas várias actividades. “Um dos primeiros objectivos é reduzir as emissões de dióxido de carbono, que são geradas das nossas actividades e operações em offshore, e a segunda fase é começar vários projectos que podem compensar créditos de carbono para aquelas emissões que não venham a ser eliminadas”, partilhou.