Advogados são-tomenses exigem suspensão de atribuição de cidadania por investimento

Um grupo de advogados são-tomenses que exerceram ou exercem altos cargos no país pediu nesta Segunda-feira em tribunal a suspensão do contrato entre o Governo e uma empresa do Dubai para a atribuição da nacionalidade são-tomense por investimentos. O pedido foi feito através de uma providência cautelar introduzida no Supremo Tribunal de Justiça, que em…
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Segundo a porta-voz do grupo, Celiza de Deu Lima, são vários “os vícios de forma e de conteúdo que enfermam este contrato”, por isso pediram ao Tribunal para suspender a eficácia do mesmo até que haja uma decisão final.
Economia

Um grupo de advogados são-tomenses que exerceram ou exercem altos cargos no país pediu nesta Segunda-feira em tribunal a suspensão do contrato entre o Governo e uma empresa do Dubai para a atribuição da nacionalidade são-tomense por investimentos.

O pedido foi feito através de uma providência cautelar introduzida no Supremo Tribunal de Justiça, que em São Tomé e Príncipe actua também como Tribunal Administrativo, para analisar, sobretudo, “as questões de ilegalidade” que têm sido invocadas.

Segundo a porta-voz do grupo, Celiza de Deu Lima, são vários “os vícios de forma e de conteúdo que enfermam este contrato”, por isso pediram ao Tribunal para “suspender a eficácia do mesmo até que haja uma decisão final a ser produzida no âmbito do processo principal, que vai ser um pedido de declaração de nulidade desse mesmo contrato”.

Além de Celiza de Deus Lima, que foi bastonária da Ordem dos Advogados e ex-conselheira de Estado, integram o grupo o antigo Procurador-Geral da República Adelino Pereira e o actual Bastonário da Ordem dos Advogados de São Tomé e Príncipe, Herman Costa.

Para a execução do Programa de Cidadania por Investimento, o Governo são-tomense assinou, em 21 de Maio, um contrato de concessão de serviço público por 10 anos com a sociedade Passport Legacy, criada segundo as leis do Dubai, antes da promulgação e entrada em vigor do decreto-lei que regulamenta a matéria, que só aconteceu em 28 de Julho e 01 de Agosto, respectivamente.

Na Quinta-feira, os advogados submeteram um pedido de fiscalização sucessiva do contrato no Tribunal de Contas e anunciaram que irão pedir um encontro com todos os grupos parlamentares, para que seja revogado o artigo da lei da nacionalidade “que faz referência à atribuição da cidadania por doação”.

“Em relação à nacionalidade por doação, pura e simplesmente, cuja proveniência do dinheiro muitas vezes pode ser de origem duvidosa, nós achamos que não interessa à imagem de São Tomé, porque nós podemos nos transformar num paraíso para branqueamento de capitais”, explicou Celiza de Deus Lima.

Quanto à atribuição da nacionalidade por investimento, os advogados afirmam que não são contra, porque “é bom para o país que um cidadão que faça um investimento de valor considerável” receba a nacionalidade, mas defenderam que é “necessário que se regule bem” esta matéria.

Os juristas, citados pela Lusa, também instaram o Ministério Público a pronunciar-se enquanto defensor da legalidade e do interesse público, sublinhando que a instituição já o deveria ter feito por iniciativa própria.

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