O ministro das Infra-estruturas, Recursos Naturais e Meio Ambiente de São Tomé e Príncipe, Adelino Cardoso, demitiu-se do cargo, esta Terça-feira, 02 de Janeiro.
Na carta de demissão remetida ao primeiro-ministro e chefe do Governo, a que a FORBES ÁFRICA LUSÓFONA teve acesso, Adelino Cardoso, diz que a sua decisão é “imediata e irreversível”, realçando que sempre agiu “com lealdade e de acordo com os objectivos definidos no programa do Governo”, ao mesmo tempo que assume as responsabilidades que resultaram das acções que praticou.
A demissão do ministro surge na sequência de polémicas sobre a concessão de serviços de empresas públicas, envolvendo o nome do Presidente da República e contestada pelos trabalhadores.
Em causa está um acordo de parceria público-privada de gestão operacional dos serviços da Empresa Nacional de Administração dos Portos (Enaport) de São Tomé, datado de 20 de Dezembro, celebrado entre o Governo, representado pelo ministro agora demissionário, o diretor da Enaport, Hamilton de Sousa, e o representante da empresa África Global Logistics (AGL), Pierre-François Pioriou.
Segundo o contrato, contestado pelos funcionários da Enaport, a AGL, uma sociedade anónima simplificada registada em França, entra neste acordo apenas como accionista da empresa operadora que será incorporada sob as leis de São Tomé e Príncipe, cuja sede social será em São Tomé.
“O meu pedido de demissão resulta de uma profunda reflexão e medida ponderação, em perfeita consciência de que, com esta acção contribuo para resolução de parte significante de um problema conjuntural”, escreveu Adelino Cardoso.
O governante justifica que os últimos acontecimentos tornados públicos, “sobretudo decorrentes das intervenções nas empresas públicas tuteladas pelo Ministério das Infra-estruturas”, retiram o conforto necessário à continuação do trabalho que pretendia desenvolver.
Adelino Cardoso diz entender que cargos públicos, sobretudo políticos, “não são de natureza permanente, muito menos profissionalizantes”. “Entendo também que o exercício de um cargo político só faz sentido se se revestir de consenso e de aceitação, tanto perante quem dirigimos tanto como a quem devemos prestar contas”, refere no documento.
O ministro demissionário termina o seu comunicado de duas páginas, afirmado que enquanto cidadão e profissional, estará sempre disponível para servir o seu país onde o dever e a obrigação assim ditarem.