Governo cabo-verdiano reforça companhia aérea com garantia de 4,7 milhões de euros

O Governo cabo-verdiano concedeu um aval de 4,7 milhões de euros à Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), com o objectivo de consolidar dois créditos contraídos junto da Caixa Económica. A operação, formalizada através de resolução publicada em Boletim Oficial, entrou em vigor nesta Quinta-feira e prevê a extensão do prazo de maturidade dos financiamentos,…
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O aval do Estado reacende o debate sobre o papel da TACV num mercado dominado por ‘low-cost’ e sobre a sustentabilidade de um modelo que continua a pesar nas contas públicas.
Economia

O Governo cabo-verdiano concedeu um aval de 4,7 milhões de euros à Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), com o objectivo de consolidar dois créditos contraídos junto da Caixa Económica.

A operação, formalizada através de resolução publicada em Boletim Oficial, entrou em vigor nesta Quinta-feira e prevê a extensão do prazo de maturidade dos financiamentos, mediante garantia soberana.

Nos termos aprovados, a operação terá um prazo global de 122 meses, alinhado com o plano de reembolso acordado com o banco credor. A medida enquadra-se no “Interim Business Plan” 2023-2027 da companhia aérea, que, após anos centrada em voos internacionais, voltou a assegurar ligações domésticas na sequência do colapso da concessão à BestFly em 2024.

Apesar de indicar uma “performance operacional robusta” e uma trajectória de recuperação gradual, a TACV continua a apresentar fragilidades estruturais. Segundo o mais recente relatório sobre o sector empresarial do Estado, a companhia registou um resultado líquido negativo de 6,1 milhões de euros no terceiro trimestre de 2024, mantendo-se entre as empresas públicas com maior risco financeiro. Os gastos operacionais totalizaram 1,9 mil milhões de escudos (17,2 milhões de euros), com particular incidência nos custos de leasing, que atingiram 575 milhões de escudos (5,2 milhões de euros) e continuam a representar um peso expressivo na estrutura de custos.

Num contexto de crescente competição das companhias low-cost europeias nas rotas internacionais, várias entidades defendem que a TACV deverá concentrar-se na consolidação dos voos domésticos – área na qual detém o monopólio – e abandonar as ligações ao estrangeiro, consideradas menos competitivas. Contudo, o Governo alerta para os riscos de uma dependência excessiva de operadores de baixo custo para assegurar a conectividade aérea internacional do arquipélago, especialmente tendo em conta a dimensão da diáspora cabo-verdiana e o impacto estratégico das ligações externas para a economia.

 

*Com Lusa

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